Visando a proporcionar o adequado estado nutricional de árvores frutíferas, um recurso tecnológico transmite informação, contribui para o aumento do retorno econômico e ainda auxilia o produtor no incremento da produção e qualidade de frutas. Coordenado pelo professor Gustavo Brunetto, do Departamento de Solos e do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo da UFSM, além do envolvimento de vários pesquisadores de outras instituições, a ferramenta de softwares CND consegue interpretar os nutrientes em folhas de frutíferas. Com essas informações em mãos, os produtores conseguem identificar quais nutrientes as plantas precisam, para auxiliar em seu desenvolvimento.
Como funciona – Com base na análise de nutrientes em folhas, o produtor consegue ter um maior controle do manejo sustentável da adubação e, consequentemente, colabora para a economia financeira e o equilíbrio natural.
“As folhas são retiradas da planta e levadas para o laboratório, onde são feitas as análises químicas, o que permite a determinação dos teores de nutrientes. Depois disso, os resultados são inseridos na plataforma do software, onde índices nutricionais são calculados e os resultados finais são apresentados em gráficos que devem ser interpretados pelos técnicos ou produtores. Com isso é possível definir quais os nutrientes que devem ser aplicados em pomares ou vinhedos”, explica o pesquisador, que residiu em 2022 nos Estados Unidos, onde realizou pós-doutorado relacionado à nutrição de frutíferas na University of California.
Para uma análise mais elaborada e completa, foram desenvolvidos diferentes softwares ao longo dos últimos oito anos, que podem ser acessados de qualquer parte do mundo e sem qualquer tipo de custo. O nome vem do inglês e significa Compositional Nutrient Diagnosis (CND). Traduzido para o português, quer dizer “diagnose da composição nutricional”.
Para a interpretação de nutrientes em folhas de videiras, existe o CND Uva e o CND Uva Farroupilha, que ganha o nome em homenagem à cidade localizada na região da serra gaúcha. Além do CND Farroupilha, a UFSM também esteve presente no desenvolvimento do CND Pessegueiro e CND Maçã.
As amostragens de folhas e solo, assim como a avaliação de produção, foram realizadas, em sua quase totalidade, pelo Grupo de Estudos de Predição de Adubação e Potencial de Contaminação de Elementos em Solos (Gepaces), o que inclui análises laboratoriais e o cálculo e tabulação de dados estatísticos.
“Foram bolsistas de cursos de graduação, mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e vários professores e pesquisadores, vinculados a diferentes instituições, que se envolveram nos projetos que permitiram a construção dos três softwares. Por isso, a importância de recursos que possam viabilizar bolsas aos estudantes, porque sem elas não é viável desenvolver esse tipo de pesquisa. Além disso, os projetos foram desenvolvidos com o apoio financeiro de empresas privadas ligadas à cadeia produtiva de frutas e derivados de agências de financiamento públicas estaduais e nacionais. Isso mostra claramente que, com a existência de recursos, derivados do setor privado e público, para serem convertidos em bolsas e que permitem viabilizar o desenvolvimento das pesquisas no campo e laboratório, o Brasil pode gerar mais conhecimentos, que podem também permitir a criação de novas tecnologias, que os técnicos e produtores poderão utilizar gratuitamente, melhorando processos ligados à agricultura. Nos últimos anos, a pesquisa nacional sofreu muitos cortes orçamentários, o que inviabilizou o avanço de projetos de pesquisa já em andamento, bem como o início de novos projetos. Assim, a sociedade também deixou de ter acesso a novas tecnologias que poderiam aumentar a lucratividade e melhorar a qualidade de vida das pessoas, aliado à preservação do ambiente”, ressalta o pesquisador.
Como acessar – Os softwares foram disponibilizados gratuitamente e podem ser acessados sem qualquer custo no endereço www.registro.unesp.br/#!/sites/cnd. Além da UFSM, instituições como a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp, Campus Registro), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa, seção Uva e Vinho), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), entre outras, também participaram da execução dos projetos.
Texto: Vitória Faria Parise, acadêmica de Jornalismo e estagiária na Agência de Notícias
Edição: Lucas Casali