Iniciou hoje (06) a missão dos avaliadores do projeto Geoparque Caçapava Aspirante Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A comissão avaliadora é composta pelo Geólogo e Paleontólogo, Mahito Watanabe (Japão) e pelo Cientista Ambiental, Antonino Sanz Matencio (Espanha).
Durante toda esta semana os avaliadores irão percorrer a região de Caçapava do Sul e conhecer os atrativos turísticos, culturais e históricos do local, com o objetivo de avaliar o território para o recebimento do certificado de Geoparque Mundial da Unesco.
Abertura da Missão
Os avaliadores desembarcaram no sábado (05) em Porto Alegre e participaram, na tarde deste domingo (06), de uma reunião de abertura da missão, que aconteceu na Universidade Federal do Pampa (Unipampa) campus Caçapava do Sul. Entre apresentações artísticas e degustação de produtos produzidos na região, a equipe pode iniciar o processo de reconhecimento do local e compreender de que forma as iniciativas têm andamento.
Na solenidade de abertura, além dos avaliadores, estiveram presentes o reitor da UFSM, Luciano Schuch, o reitor da Unipampa, Roberlaine Ribeiro Jorge, o Diretor do campus da Unipampa em Caçapava do Sul, José Waldomiro Rojas, o prefeito municipal de Caçapava do Sul, Giovani Amestoy da Silva, o Secretário de Cultura e Turismo de Caçapava do Sul, Stener Camargo, representantes do poder público, da comunidade acadêmica, além da equipe responsável pelo Geoparque Caçapava, que tem André Borba na Coordenação Científica.
Ponto em comum entre todas as falas foi a alegria e expectativa pela avaliação que será realizada, já que o trabalho que será apresentado é uma construção sólida e fruto de dedicação coletiva. O projeto Geoparque Caçapava é realizado em cooperação entre a UFSM, Unipampa e prefeitura de Caçapava do Sul, além de contar com o apoio da comunidade, instituições e empresas locais.
André Borba destacou que a força do Geoparque Caçapava está no engajamento da comunidade, universidades e do poder público. O coordenador explicou que o que será apresentado nos próximos dias é resultado de um trabalho que vem sendo realizado há pelo menos 10 anos, quando se buscou o reconhecimento de Caçapava do Sul como capital gaúcha da Geodiversidade e, a partir daí, novas iniciativas foram se desenvolvendo. Para o professor, o projeto só tem êxito porque encontra apoiadores em diversas frentes, com destaque para a Unipampa. “A existência do campus da Unipampa em Caçapava do Sul foi crucial para que o projeto se consolidasse e tivesse confiança, orgulho e apoio das pessoas”, explica.
Na mesma perspectiva, Mahito Watanabe afirmou que pelo pouco que pode observar até agora, Caçapava está no caminho certo. Ele explica que nos próximos dias irá percorrer a região, avaliando o que já foi feito, o que está em execução e quais os planos futuros. Antes da missão, os avaliadores recebem um dossiê contendo informações técnicas sobre o território e o que acontece na região. No entanto, Watanabe reflete que, um ponto muito importante que não está nos documentos e que só pode ser visto in loco, é o envolvimento da região e o modo como tudo funciona na prática.
Antonino Sanz Matencio afirmou estar muito impressionado e emocionado. Ele explica que o trabalho que irão realizar na região é muito importante, pois envolve muitas pessoas e histórias. “Meu papel é “escutar, observar e escrever”, falou. Assim como Watanabe, ele ressaltou a importância do que será visto ao vivo, de entender as pessoas, saber o que pensam, sentem e como abraçam o projeto, desejando com que ele realmente aconteça e tenha continuidade.
Após o fim do processo, os avaliadores tem cerca de duas semanas para encaminhar os relatórios da avaliação ao Comitê Mundial de Geoparques. A expectativa é que em dezembro o Conselho, que é constituído por 12 membros, se reúna e avalie se o Geoparque Caçapava tem condições de ser criado e validado.
Impacto de um Geoparque
Mahito Watanabe destacou a importância de obtenção do selo de Geoparque através de duas perspectivas. A primeira é o impacto imediato, que afirma ser no orgulho da população sobre teu território. O segundo ponto se desenvolve de forma gradual e está relacionado com aspectos econômicos. O avaliador também percebe que, em territórios que já possuem o selo de Geoparque, a tendência é que muitos jovens que antes saíam da cidade em busca de oportunidades em outros locais, permaneçam.
Essa mesma ideia é compartilhada por Antonino Sanz Matencio. Ele explica que quando a comunidade tem mais possibilidades de conhecer o seu patrimônio cultural, histórico e geológico, sua relação com esses espaços muda. Sendo assim, pensa que um Geoparque é uma nova maneira de se relacionar com o território e com seus produtos. O avaliador afirma que, a partir daí, é visível o crescimento na geração de emprego, renda e turismo em territórios que já são um Geoparque.
Cronograma dos avaliadores
Nos próximos dias a equipe deve percorrer cerca de 200 km para conhecer as riquezas geológicas da região de Caçapava do Sul, que possui mais de 30 geossítios catalogados.
Amanhã (07) a comitiva de avaliação visitará o Pórtico de Caçapava do Sul, o Jardim da Geodiversidade Professor Maurício Ribeiro, a Secretaria de Cultura e Turismo, o Centro Histórico, o Forte Dom Pedro II, o Geossítio Caieiras, uma produtora de azeite de oliva, e o Geossítio Toca das Carretas, com vista para o Geossítio Cerro da Angélica.
Esta é a segunda visita de avaliadores em territórios aspirantes a Geoparque. Em outubro desde ano, uma equipe de avaliadores visitou o Geoparque Quarta Colônia.
Texto: Mariana Henriques
Fotos do texto: Divulgação Geoparque Caçapava
Foto de capa: André Borba