Após três dias de visitas e avaliações dos enviados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) ao Geoparque Quarta Colônia, a UFSM recebeu hoje, dia 27, Ángel Hernandéz e Helga Chulepin, no Campus de Santa Maria. Na agenda do último dia, estava prevista uma reunião com o reitor da UFSM, Luciano Schuch, e um encontro de feedback entre a equipe do Projeto Geoparque, prefeitos locais e avaliadores.
Desde o dia 24, Hernandéz e Chulepin estiveram reunidos junto ao comitê local em várias cidades da Quarta Colônia e puderam presenciar o que há de melhor na região. Conheceram espaços culturais, históricos e turísticos das nove cidades. Caso passe na avaliação, o Geoparque Quarta Colônia será o segundo do Rio Grande dos Sul, que já conta com o Geoparque Caminhos do Sul, que fica na divisa com Santa Catarina. Em âmbito nacional, poderá ser o quarto.
Geoparque é integração
Antes da reunião de feedback, Angél e Helga e a equipe que os acompanhou durante os dias de visitação, estiveram por alguns momentos reunidos no Gabinete do Reitor. Em uma conversa informal os avaliadores comentaram as suas percepções durante os dias na Quarta Colônia e de como a região foi muito acolhedora com eles.
Também foi destacado, por alguns membros, o tempo até que, finalmente, o dia da avaliação chegasse, sendo um longo processo até que tudo estivesse certo para a recepção dos avaliadores.
Outro ponto mencionado pelos representantes da Universidade foi o papel da UFSM para que o Projeto Geoparque se efetivasse. A equipe relatou o importante suporte recebido da Instituição tanto a níveis de pesquisa, ações educacionais e projetos que visam o desenvolvimento da região. Além disso, foi destacado o trabalho conjunto realizado pela Universidade, municípios e comunidades, em busca da certificação.
Momento de avaliação
Um dos momentos mais esperados pela equipe da UFSM era o feedback dos avaliadores. Inicialmente, o reitor, Luciano Schuch, destacou a força da universidade para a transformação da comunidade e agradeceu a Helga e Ángel pela sensibilidade com a região. Segundo ele, “o Geoparque sai do papel, sai dos artigos e vai, agora, para a comunidade”.
Após isso, os avaliadores explicaram todo o processo do programa da UNESCO, e os caminhos que um território deve trilhar para se tornar um Geoparque. Helga e Ángel puderam expor o que acharam da região e da visita aos pontos que a comissão escolheu para apresentar. Na prática, a tarefa deles é repassar para o Comitê Mundial de Geoparques, através de um relatório, todas as vivências, pontos positivos e negativos da região, destacar o cumprimento de critérios para se tornar um Geoparque e que pontos podem ser aprimorados. A expectativa é que em dezembro o Conselho, que é constituído por 12 membros, se reúna e avalie se o Geoparque Quarta Colônia tem condições de ser criado e validado.
Ángel e Helga ressaltaram a questão da comunidade e a sua importância para o fortalecimento do Geoparque. A paleontologia também foi discutida como um ponto positivo da região. Além disso, eles evidenciaram alguns projetos que são desenvolvidos pela comunidade, e que visam capacitações, educação e compartilhamento de conhecimentos.
Expectativas elevadas
A diretora do Geoparque Quarta Colônia, Jaciele Sell, salientou que depois de vários dias de trabalho, conversas e reuniões, as expectativas são muito positivas e que a reunião final simbolizou o que eles já vinham avaliando, tanto os pontos positivos como as fraquezas e fragilidades, que considera como aspectos possíveis de serem resolvidos, melhorados e corrigidos. Jaciele ainda garantiu que nesta etapa eles se saíram bem, mas que ainda faltam redigir alguns relatórios e enviar alguns documentos extras que foram pedidos. “Cada etapa a gente vai vencendo e comemorando e a de hoje com certeza merece comemoração”, afirmou a diretora. Ela também enfatizou foi a importância do trabalho conjunto entre universidade, poder público e comunidade, através das parcerias e apoios concretizados.
Em relação a semana junto aos avaliadores, Jaciele cita que foram dias muito intensos. “Iniciamos com bastante nervosismo e medo, mas já no primeiro dia foi possível esclarecer várias dúvidas dos avaliadores e tudo ocorreu bem até o dia de hoje” explica.
O geólogo Michel Godoy, representante do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) também participou do encontro e acompanhou de perto o trabalho desenvolvido pela equipe do Geoparque. Para ele, a possibilidade de receber a certificação é o coroamento do trabalho realizado pelo CPRM. Em 2009, o Serviço já havia trabalhado na elaboração e inventariação do patrimônio Geológico da Quarta Colônia. “É um sentimento de satisfação da equipe técnica, científica e política reunida em prol do Geoparque”, declara.
O prefeito de Ivorá, um dos municípios integrantes da região da Quarta Colônia, Saulo Piccinin, também afirma estar com boas expectativas para a avaliação. Ele destaca que em seu município eles traçaram linhas de atuação para fomentar o crescimento do que eles tem para oferecer e contribuir com o Geoparque, desde comércio, infraestrutura, possibilidade de crescimento para moradores do interior, formas de agregar renda, entre outros, buscando viabilizar várias propostas e projetos para que o Geoparque saísse do papel. “O projeto do Geoparque é importante para fomentar as pequenas empresas, agroindústrias e para as pequenas propriedades que querem investir na área hoteleira e de alimentação, por exemplo. Geoparque não é simplesmente um nome, uma lenda, mas sim é um progresso que veio e que vai trazer melhorias para a região”, comenta.
Geoparque Quarta Colônia, um espaço importante para a região
Geoparque é um selo de qualidade obtido por territórios que atuam na perspectiva do desenvolvimento local sustentável. Além disso, para ser reconhecido como Geoparque, os territórios devem possuir importância científica, cultural, paisagística, geológica, arqueológica, paleontológica e histórica. Ao todo são nove municípios que compõem o Geoparque Quarta Colônia, sendo eles: Agudo, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Sêca, São João do Polêsine, Silveira Martins e Dona Francisca.
Na Quarta Colônia, foram encontrados muitos fósseis que datam de milhões de anos atrás, e são considerados um dos mais antigos do planeta, que gera mais atrativos e pontos positivos para a aprovação da criação do Geoparque, além das belezas naturais e culturais que a região tem a oferecer.
Está programada para novembro a visita dos avaliadores para a criação do Geoparque Caçapava, em Caçapava do Sul, que tem como característica a presença de rochas muito antigas.
Para saber mais sobre o Geoparque Quarta Colônia acesse o site.
Texto: Mariane Machado, estudante de jornalismo e voluntária da Agência de Notícias
Edição: Mariana Henriques, jornalista