O Projeto Esperançando articulou junto à Câmara de Vereadores a proposta de uma República Jovem para Santa Maria. A iniciativa visa à criação de uma casa de acolhimento para adolescentes que completaram 18 anos e não têm mais o amparo do Estado. Atualmente, a proposta está em tramitação no Executivo Municipal.
Vinculado ao Observatório de Direitos Humanos da UFSM, o projeto de extensão Esperançando surgiu em 2019 e busca fomentar uma rede de cooperação para auxiliar adolescentes entre 14 e 18 anos que moram nas duas instituições de acolhimento institucional do município: a Instituição Beneficente Lar de Mirian e Mãe Celita e a Aldeias Infantis SOS. A coordenadora, Alice Lameira Farias, explica que o projeto consegue trabalhar a partir dos eixos de renda, cidadania e educação, preparando esses jovens para o mercado de trabalho. Mas o mesmo não acontece em relação à moradia, outro eixo essencial ao projeto. “Quando esbarra na questão de moradia, não temos muito o que fazer a não ser solicitar uma política pública que atenda esses jovens, porque quando eles completam 18 anos, precisam sair do acolhimento, não têm mais amparo do Estado. Ou eles voltam para as suas famílias de origem ou então acabam indo para as ruas”, ressalta a coordenadora.
Alice também explica que o salário que eles recebem como jovem aprendiz é muito baixo para pagarem aluguel. Por isso, a república seria um espaço para que os adolescentes vindos dos acolhimentos institucionais pudessem ficar até que conseguirem se organizar. Para a coordenadora, essa ruptura é muito brusca, já que o acolhimento em que ficam até completar 18 anos oferece todo o suporte necessário. “Eles precisam ter esse período de transição para a vida adulta. Se para um jovem com 18 anos que tem uma família estrutura já é difícil romper o laço, imagina para eles que não têm esse suporte”, afirma.
A proposta tem como referência outras cidades em que Repúblicas Jovens já foram implementadas, como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Para que o mesmo aconteça em Santa Maria, dois encontros já foram realizados com essa finalidade. Em 2021, a proposta foi apresentada ao Legislativo. Já em fevereiro deste ano, representantes do Esperançando e das instituições de acolhimento da cidade se reuniram com a presidência da Câmara de Vereadores. O objetivo dos encontros foi destacar a necessidade de implementação do espaço. “Precisamos que seja instituída na cidade a obrigatoriedade dessa república, porque não adianta nós trabalharmos com esses jovens e, ao chegarem aos 18 anos, eles perderem essa perspectiva”, ressalta a coordenadora do projeto.
Com a implementação da República Jovem, as atividades realizadas atualmente pelo Esperançando podem ser ampliadas com o objetivo de formar jovens mais capacitados para o mercado de trabalho e preparados para a vida adulta. “Nós queremos formar cidadãos que estejam no mercado de trabalho, tenham um local para morar e que possam ter condições dignas de viver em sociedade. Então, isso é um ganho para a sociedade e para a cidade”, comenta Alice.
Atualmente a proposta está em tramitação no Executivo, que elabora o projeto de lei e encaminha para que o Legislativo possa aprovar e acompanhar a execução do projeto.
Texto: Thais Imming, acadêmica de Jornalismo, voluntária da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista