Verônica Oliveira, conhecida como Mãe Loira, tinha 40 anos quando foi assassinada a facadas no centro de Santa Maria na madrugada de 12 de janeiro de 2019. Morta devido à LGBTfobia, Verônica tinha uma casa de acolhimento para pessoas da comunidade LGBTQIA+ que eram também vítimas de preconceito em suas casas. Tendo em vista tantas lutas importantes travadas por Mãe Loira, nesta segunda-feira (27) o Observatório de Direitos Humanos (ODH), da Pró-Reitoria de Extensão (PRE), apresentou um novo espaço que leva o seu nome: a Casa Verônica, situada na sala 204, nos fundos da Biblioteca Central da UFSM. A apresentação contou com a presença da vice-reitora, Martha Adaime, e representantes das comunidades acadêmica e externa.
O espaço multiprofissional é um serviço criado pela Política de Igualdade de Gênero da Universidade. Sancionada em novembro de 2021, conforme a Resolução UFSM N. 064, a política busca promover a igualdade de gênero na UFSM por meio de mecanismos institucionais. Por meio dela foi instaurado o Comitê de Igualdade de Gênero, composto por docentes, técnico-administrativos educacionais, discentes e comunidade externa, como representantes de movimentos sociais da cidade.
A professora do Centro de Educação (CE) Márcia Paixão comenta que uma das ações do comitê é o monitoramento de projetos já existentes sobre o assunto produzidos no campus e a integração destes, assim como também, agora, a articulação nas atividades da Casa Verônica. “Temos muitas iniciativas acontecendo aqui no campus e precisamos deste espaço para juntar tudo isso e fazer com que, de fato, a promoção da igualdade e a justiça de gênero possam acontecer”, afirma.
A servidora técnico-administrativa Bruna Denkin, encarregada da administração da Casa Verônica e da implantação da Política de Gênero, conta que os serviços serão voltados aos três eixos do Programa de Política de Igualdade de Gênero: educação, responsabilização e assistência. “Na parte de educação temos por objetivo desenvolver ações de divulgação de educação em relação às questões de gênero, como, por exemplo, rodas de conversa e palestras. Na parte de responsabilização, a ideia é trabalharmos articulados com os setores apropriados da Universidade para pensar como proceder em casos de violência de gênero. E a parte de assistência, que é a principal atividade da Casa, há de ser composta por uma equipe multiprofissional, onde serão contratados advogada, psicóloga e assistente social para dar apoio, orientação jurídica e psicossocial para pessoas em situação de violência de gênero”, complementa.
As responsáveis trabalham agora visando à implementação dos serviços na Casa Verônica. Bruna relata que o prazo de entrega para o funcionamento do espaço é de no máximo dois meses. A equipe está em contato com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) para a contratação de profissionais das áreas de Direito, Psicologia e Assistência Social. Os interessados podem entrar em contato para cadastro na Fundação, necessitando ser uma pessoa jurídica.
Memorial para Verônica e roda de conversa
A denominação do novo espaço multiprofissional da UFSM foi escolhida pela comunidade. Foram recebidos mais de 1.500 votos, sendo 40% para Verônica. Agora o Observatório de Direitos Humanos está com uma campanha para resgate da trajetória e manutenção da memória de Verônica. A ideia é produzir um memorial com fotos com ela junto a pessoas que fizeram parte da sua caminhada. As imagens podem ser encaminhadas pelo e-mail casaveronica.pre@ufsm.br.
Após a apresentação da Casa Verônica, ocorreu uma roda de conversa sobre gênero e a memória de Verônica, com pessoas influentes da luta feminista, no Espaço de Convivência da Biblioteca Central. Através dos links é possível conferir a roda de conversa e a apresentação da Casa realizadas nesta segunda-feira.
Texto: Letícia Klusener, acadêmica de Jornalismo, voluntária da Agência de Notícias
Fotos: Ana Alicia Flores, acadêmica de Desenho Industrial, bolsista da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista