O painel artístico “ Vozes que Libertam” foi inaugurado na manhã desta quarta-feira, 22, no hall do prédio 74A, do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH). A inauguração do painel também faz alusão aos 52 anos do Centro, comemorados durante o mês de junho de 2022. A temática da obra, planejada e executada pelo artista Lúcio de Sá Menezes, é o combate a todo tipo de ditadura.
Durante a cerimônia de inauguração do painel, Lúcio de Sá Menezes destacou que as instituições de ensino funcionam como abrigo na defesa das democracias, com o importante papel de formar pessoas capazes de inovar e que contribuam com a sociedade. “ A principal arma dos regimes totalitários é o medo e a censura, enquanto a principal arma das instituições de ensino é o diálogo. A partir disso, eu procurei trabalhar com a censura, mas não a censura por definição e sim a censura em que os indivíduos, por si só, censuram a si mesmo e aos outros”, explica o artista.
A diretora do CCSH, Sheila Kocourek, salientou em seu discurso que a ditadura, tema do painel, jamais deve ser esquecida, de modo que é necessária essa luta constante contra a concentração de poder e restrição às liberdades individuais. “O objetivo maior da escolha deste painel é, justamente, não nos deixar esquecer de um marcante e traumático tempo na história brasileira, o Golpe Civil-Militar de 1964 e todas as suas infelizes consequências. Trata-se de uma homenagem às inúmeras pessoas que lutaram pela democracia e pela liberdade de expressão e que, em decorrência disso, foram perseguidas e torturadas. A Universidade é um local de debate e partilha de conhecimento, por isso faz-se tão importante essa discussão e, não por acaso, hoje, talvez, estejamos vivendo esse processo de retrocesso”, comentou Sheila.
A proposta para realização da obra surgiu a partir do projeto Painel Artístico CCSH, uma iniciativa que visa unir diferentes áreas do conhecimento: sociais, humanas e artes. O Pró-Reitor de Infraestrutura, Mauri Löber, explicou que a temática deste painel foi definida através de uma consulta pública, em que a comunidade do CCSH pôde sugerir ideias para as obras. O painel inaugurado hoje foi sugestão da professora aposentada Beatriz Weber.
Em sua fala durante o evento, a professora parabenizou o Centro pela iniciativa e comentou sobre a importância e complexidade do painel. “ A proposta do painel é trazer, acima de tudo, o reconhecimento das diferenças e a negação de qualquer atitude deliberada de desconsideração dessas diferenças. Desse modo, o CCSH têm fundamental importância nesse processo, para que nunca se esqueça que não aceitaremos, nunca, nenhum tipo de ditadura”, salientou.
O próximo painel do projeto será “Formação Cultural do estado do Rio Grande do Sul”, sugestão da atual Diretora do CCSH, Sheila Kocourek. A primeira obra foi inaugurado em março de 2018. O painel “Fortalecendo o que nos pertence” está disponível à visitação na Biblioteca Setorial do CCSH abordando a temática da participação feminina nas ciências. O segundo painel foi inaugurado em novembro de 2019, intitulado “O machado esquece; a árvore recorda” e pode ser visitado no hall do prédio 74C, com a temática de combate ao racismo.
Texto e foto: Mariana Souza, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias
Edição: Mariana Henriques, jornalista