O abandono de animais no Campus Sede da UFSM vem crescendo após o retorno do ensino presencial. No total, 9 cachorros foram abandonados na Instituição ao longo das três primeiras semanas de aula, iniciadas em 11 de abril, de acordo com levantamento feito pelo Projeto Zelo. O perfil dos animais é bem definido: em maioria, sem castração e de grande porte. Até o momento, os responsáveis pelos abandonos não foram identificados e os cachorros seguem soltos pelo campus, sem abrigo.
Infelizmente, essa prática não é atual. O descarte de animais no campus acontece há, ao menos, quatro décadas, segundo relato de Fabiana Stecca, coordenadora do Zelo, projeto de extensão criado em 2014 pelo Gabinete do Vice-Reitor, com o intuito de trabalhar a conscientização para o não abandono e para a guarda responsável de animais. ‘’O abandono nunca parou, ele só foi se modificando. Na pandemia o problema ficou pior ainda, porque os animais abandonados chegavam aqui, quase todos, com problemas sérios de saúde. Tivemos situações de animais extremamente magros, famintos, com anemia inclusive’’, expõe a coordenadora.
O principal foco do Zelo é criar eventos e palestras, tanto dentro quanto fora da UFSM, para conscientizar a população acerca da causa animal. Entretanto, devido à quantidade de animais desassistidos presentes na Universidade, o projeto passou a atuar também arrecadando fundos para tratamento, castração e alimentação dos animais, além de elaborar campanhas de adoção.
Contudo, uma das voluntárias do projeto, Carla Flores, servidora atuante no curso de Odontologia, destaca que o projeto não possui abrigo próprio para os cachorros e gatos abandonados, assim como não realiza tratamentos médicos, já que o Zelo não tem por objetivo principal oferecer assistência aos animais.
Ao encontro desse relato, Raíssa Nascimento, bolsista do projeto e estudante de Desenho Industrial, informa que o campus não é o local adequado para nenhum animal: ‘’Na universidade, eles estão sujeitos a perigos, principalmente, quando ficam mais velhos e com problemas de saúde, porque não há ninguém 24 horas disponível no campus para cuidar deles. Os animais soltos pela UFSM podem ser atropelados, brigarem entre si, ou se exporem a doenças”, relata.
Em decorrência do número alto de animais desamparados – estima-se que mais de 90 -, o Zelo tem encontrado dificuldades para conseguir lares temporários suficientes e recursos financeiros para a compra de ração e vacina, e para o custeio de tratamentos, que geralmente são caros. Fabiana Stecca esclarece que, enquanto projeto de extensão, o Zelo recebe dinheiro público somente para bolsas, pequenas necessidades de custeio e repasses destinados ao Hospital Veterinário Universitário (HVU), uma vez que os animais abandonados não possuem nenhum tipo de atendimento gratuito. Fora isso, todo capital é arrecadado por meio de doações.
Como coibir o abandono?
O abandono e maus tratos de animais é crime, previsto pelo artigo 32 da Lei Federal nº 9605 de 1998. Portanto, quando há informações suficientes sobre o abandono, é possível realizar denúncia e boletim de ocorrência. Por isso, a coordenadora do Projeto Zelo pede que as pessoas comuniquem o projeto, ou o vigilante da UFSM mais próximo, caso presenciem situações estranhas, como carros estacionados em locais incomuns do campus, para que assim os criminosos sejam responsabilizados.
Formas de ajudar o Zelo
Financeiramente, o Projeto recebe doações pelo pix fabiana@ufsm.br, ou por dinheiro em espécie, diretamente na recepção do Colégio Politécnico da UFSM, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h. Doações de ração também são bem-vindas, bem como de roupas, calçados e acessórios, já que o Zelo possui um brechó, também localizado no Politécnico, cujo valor arrecadado se destina totalmente aos cuidados animais. Para conferir as peças disponíveis, basta acessar @grifedozelo no Instagram. Imãs, camisetas e calendários também são vendidos pelo Projeto todas terças-feiras de manhã na PoliFeira, na Avenida Roraima.
Outra maneira de auxiliar é tornando-se voluntário, através do e-mail citado acima, ou diretamente por mensagem no Instagram (@zeloufsm) ou Facebook (@projetozeloufsm). Também é possível adotar, ser lar temporário e apadrinhar os animais, tanto gatos quanto cachorros, ou então oferecer carona solidária, para ajudar no deslocamento até o HVU, por exemplo.
Se nenhuma dessas formas de colaboração forem viáveis, ainda é possível ajudar compartilhando os posts de divulgação dos animais disponíveis para adoção, publicados nas redes sociais do Zelo.
Texto: Laurent de Lima Keller, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Ana Alícia Flores, acadêmica de Desenho Industrial, bolsista da Agência de Notícias, e Rafael Happke/Arquivo (foto de capa)
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista