A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) teve dois projetos contempladas no edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs) destinado à criação de Redes Inovadoras de Tecnologias Estratégicas (RITEs/RS). No total, a fundação ligada à Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia, recebeu cem propostas e, após três fases de triagem, selecionou 14 projetos de universidades públicas e privadas. Ainda não há uma definição do valor para cada projeto, mas o edital prevê destinação de R$ 30 milhões.
Os professores Érico Flores, do Departamento de Química, e Márcio Antônio Mazutti, do Departamento de Engenharia Química, coordenam os dois projetos da UFSM selecionados no edital RITEs/RS da Fapergs. As propostas são nas áreas de química aplicada à qualidade vida e bioinsumos.
“Rede de Inovação e Tecnologias em Química Aplicada à Qualidade de Vida – Rede Inova-Vida RS” é o nome do projeto coordenado pelo professor Érico Flores. Inscrita no eixo de Química Aplicada, Biotecnologia e Nanotecnologia, a rede envolve 69 pesquisadores de 19 Programas de Pós-Graduação de 12 instituições. A iniciativa compreende o desenvolvimento cooperativo de moléculas ou sistemas supramoleculares orgânicos, bem como agentes de liberação de compostos bioativos, como os fármacos, com a finalidade de acelerar a recuperação de tecidos danificados por doenças dentárias, infecciosas ou câncer. “Esta proposta envolve a pesquisa básica na área de química com aplicação interdisciplinar em um tema emergente, que impactará na nucleação e consolidação de outros grupos de pesquisa”, afirma.
Érico ainda comenta sobre a potencialidade dos bioativos e dos bioamateriais resultantes das pesquisas colaborativas da Rede Inova- Vida RS. “Os produtos desenvolvidos devem apresentar potencial aplicação em materiais voltados para o diagnóstico e tratamento de doenças. Espera-se promover a transferência de tecnologias com o intuito de que os produtos desenvolvidos cheguem à sociedade o mais breve possível”, almeja.
O professor Márcio Mazutti coordena o projeto “Rede Gaúcha para o desenvolvimento de processo de produção, formulação e validação em campo de bioinsumos agrícolas multifuncionais para substituição de insumos químicos”. A rede integra 34 pesquisadores de 12 instituições de ensino superior e conta com 14 empresas parceiras. “Além da questão da sustentabilidade ambiental, a adoção de bioinsumos na agricultura está associada ao risco de desabastecimento mundial de insumos essenciais, como os fertilizantes e os defensivos”, observa o professor Mazutti.
A criação da Redeitec Bioinsumos está baseada no conceito de indústria 4.0, com a entrada de matéria prima e saída do produto sem intervenção entre as etapas. A finalidade da rede é acelerar e acompanhar a adoção dos bioinsumos, recursos e tecnologias de origem vegetal, animal ou microbiana no agronegócio brasileiro “Tradicionalmente, as universidades desenvolvem com excelência pesquisas científicas com impacto potencial no mercado, mas com um nível de maturação tecnológica muito baixo, o que dificulta a transferência ao setor produtivo. A partir da infraestrutura de equipamentos e pessoal da Redeitec será possível entregar produtos ao mercado com alto nível de maturação tecnológica”, explica o professor.
RITEs/RS
A constituição de Redes Inovadoras de Tecnologias Estratégicas (RITEs) pelo governo do RS por meio de instituições científicas tem como finalidade estimular a pesquisa e a geração de tecnologia e inovação em áreas consideradas prioritárias para o desenvolvimento socioeconômico.
Os recursos que serão repassados aos projetos, por meio da Fapergs, são proveniente do programa transversal Avançar RS, voltado para o crescimento econômico e para a melhoria da qualidade da prestação de serviços. O prazo de execução do RITEs/RS é de até 48 meses.