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Projeto de extensão reativa o Observatório Astronômico da UFSM

O Projeto Webservatório UFSM promove sessões de observação astronômica virtual ao vivo, via Youtube



No século 15, Galileo Galilei desafiou a Inquisição ao confrontar a crença no geocentrismo em favor do modelo heliocêntrico com seus próprios dados observacionais, tornando-se o patrono do método científico e da astronomia observacional. Após séculos do incontestável avanço da ciência e seu impacto no cotidiano, observa-se o crescimento de um movimento internacional de negacionismo científico, o qual tomou notoriedade após o estabelecimento da pandemia de Covid-19. Para combatê-lo, a sociedade precisa se apropriar do conhecimento e do método científico, sendo a astronomia uma das portas de entrada, pois fascina a todos. A observação dos fenômenos celestes não somente instiga a curiosidade, como também tem inspirado gerações a seguirem carreiras nas áreas de ciências e tecnologia, sendo os observatórios astronômicos peças fundamentais na promoção da inclusão científica.

Localizado em uma área atrás do Colégio Politécnico, o Observatório Astronômico da UFSM foi inaugurado em 1977

Contando com seu próprio Observatório Astronômico (localizado no campus sede, em uma área atrás do Colégio Politécnico), a comunidade da UFSM também pode participar desse esforço de divulgação e popularização científica. O observatório, inaugurado em 1977, conta com um telescópio refrator Coudé, da Carl Zeiss, de 150 mm de abertura, adquirido em uma negociação de safra de café protagonizada pelo reitor fundador da UFSM, José Mariano da Rocha Filho. Desconhecido pela comunidade acadêmica por conta de sua localização, o observatório se encontrava nos últimos anos em péssimas condições de uso e, com as recomendações de biossegurança impostas pela pandemia, não poderia receber o público externo.

Como costuma acontecer com frequência, a dificuldade se tornou oportunidade. Em uma parceria entre professores do Centro de Tecnologia (CT) e do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), batizada como Projeto Webservatório UFSM, apoiada com recursos do Fundo de Incentivo à Extensão (Fiex) e pelas diretorias dos respectivos centros, o observatório passou por reformas e foi conectado à rede de fibra óptica do campus para que observações astronômicas fossem capturadas com sensor digital e transmitidas pela internet em tempo real.

O Projeto Webservatório UFSM promove sessões de observação astronômica virtual ao vivo, que ocorrem através do Youtube, contando com a presença de convidado especialista em tema pré-definido pelos bolsistas do projeto, e permite interação com o público externo através de envio de perguntas via chat. Já foram realizadas duas sessões: uma no dia 25 de outubro, que discutiu a importância da divulgação científica, e outra na última quinta-feira (4), que tratou da planetologia. Em ambas as ocasiões, foram realizadas observações dos planetas Vênus, Júpiter e Saturno. A gravação pode ser acessada no canal do projeto.

A digitalização das imagens capturadas pelo telescópio possibilita a realização de astrofotografia, o que rende imagens, por exemplo, de Saturno, Júpiter e Vênus

O sensor que digitaliza as imagens capturadas pelo telescópio não somente gera um sinal de vídeo, transmitido pela internet durante as observações virtuais, como também é utilizado para realizar astrofotografia, rendendo ao projeto belíssimas imagens de Saturno, Júpiter e Vênus. Observa-se (na imagem ao lado) Saturno e seus anéis, seguido de Júpiter e três de suas luas (Europa, Io e Ganimedes). De Júpiter ainda se nota a famosa grande mancha vermelha, que corresponde a uma tempestade que ocorre já há muito tempo na atmosfera do planeta. Na sequência, observa-se o planeta Vênus, que passa por fases assim como a lua da Terra. Foram justamente as observações, realizadas por Galileo, de que Júpiter possui suas próprias luas, e de que, por possuir fases, Vênus deve orbitar o sol, que fizeram com que Galileo questionasse o modelo geocêntrico em favor do modelo heliocêntrico.

Finalmente, o telescópio do Observatório da UFSM (vinculado atualmente ao Departamento de Física) também pode ser utilizado para monitoramento da atividade solar, representada pela quantidade e tamanho de manchas solares, que correspondem a explosões eletromagnéticas na superfície do sol, e são responsáveis pela variação da radiação emitida pela estrela, podendo inclusive afetar satélites artificiais e sistemas eletroeletrônicos na Terra. Em imagem capturada pelo observatório da UFSM, quatro manchas solares (na imagem abaixo) foram registradas na última segunda-feira (8).

Quatro manchas solares foram detectadas em imagem capturada pelo observatório na última segunda-feira (8)

O professor Marcelo Zanetti, do Departamento de Eletrônica e Computação, e o professor Sandro Rembold, do Departamento de Física, informam que o projeto tem dois objetivos principais. O primeiro foca na divulgação científica e na atração de jovens para ingresso em cursos de graduação em ciências exatas e engenharias, fundamentais ao fomento do desenvolvimento socioeconômico do Brasil. Desta forma, todo o conteúdo em desenvolvimento está sendo elaborado para ser acessível a uma audiência composta de estudantes do ensino fundamental e médio. O segundo objetivo deriva das reformas curriculares recomendadas pelo Plano Nacional de Educação, que requer que todos os cursos de graduação no Brasil tenham pelo menos 10% de sua carga horária voltada para a extensão. Assim, prevê-se o aumento da demanda por atividades de extensão, sendo que o Webservatório possui potencial para atender diversos cursos de graduação da UFSM.

Atualmente o projeto conta com três bolsistas de cursos de graduação da UFSM, apoiados com recursos do Fiex 2021. O bolsista Lucas Brondani Brandão, do curso de Licenciatura em Física, destaca a importância do projeto para Santa Maria e região e seu potencial para contribuir para um ensino de qualidade, pois “o engajamento em projetos com foco estudantil prepara de forma singular para o futuro”. Já a bolsista Emilly Raiane Rodrigues, do curso de Engenharia Aeroespacial, constata que “o projeto é uma ótima ferramenta para a divulgação científica e democratização do acesso à ciência”. Além disso, destaca a possibilidade de interagir com profissionais durante as lives, o que contribui diretamente para sua formação profissional e pessoal. Por fim, o bolsista Yunior Alcantara Guevara, do curso de Engenharia de Telecomunicações, afirma que o projeto complementa sua formação na área de recepção e processamento de sinais digitais, e conclui que, ao inspirar a imaginação e interesse em crianças e adolescentes, o projeto deve motivá-los a “conhecer mais sobre tópicos relativos à ciência”.

A agenda de eventos do Projeto Webservatório é sempre divulgada no seu perfil no Instagram. Os interessados em tornar-se parceiros do projeto podem entrar em contato pelo e-mail projeto.webservatorio@ufsm.br.

Texto: professor Marcelo Zanetti

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