É difícil imaginar o nosso cotidiano sem energia elétrica. Muito utilizada em nossos eletrodomésticos e eletroeletrônicos, ela se tornou recurso indispensável para a maioria dos brasileiros, principalmente durante a pandemia, período em que parcela da população migrou para o home office. No entanto, o Brasil está passando por uma crise energética com risco de apagão.
Esta enorme crise decorre de outra maior ainda: a hídrica. Os recursos hídricos nacionais estão passando pelo maior período de escassez das últimas nove décadas, com chuvas insuficientes para preencher os reservatórios de água e alimentar as hidrelétricas brasileiras, principais fontes de energia no país.
As esferas federais, estaduais e municipais iniciaram ações para solucionar essa crise, como o acionamento das termelétricas para complementar o fornecimento de energia e suprir a demanda e o racionamento voluntário com bônus a ser aplicado em 2022. Também foi estabelecido que as instituições federais, inclusive as Universidades, deverão buscar reduzir o consumo de energia elétrica nos meses de setembro de 2021 até abril de 2022 em percentual de 10% a 20% em relação à média do consumo do mesmo mês nos anos de 2018 e 2019”.
Nessa corrida para preservar os nossos recursos energéticos e diminuir o consumo, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) se destaca. Só no mês de julho de 2021, já diminuímos 35,9% do nosso consumo mensal médio do mesmo mês em 2018 e 2019. Confira a seguir algumas das nossas iniciativas frente à crise energética:
- Sistema de Gestão de Energia (SGE) da UFSM
Implantado no segundo semestre de 2020 no Centro de Tecnologia (CT) da UFSM, o SGE tem como objetivo reduzir o consumo de energia elétrica nos campi, disseminar a conscientização do uso racional de energia, gerenciamento sistêmico e eficientização dos processos. O SGE se baseia na ABNT NBR ISO 50001-2018.
- Troca de lâmpadas tradicionais por LED
Na terceira semana de setembro de 2021, a UFSM realizou a troca de 60 luminárias públicas convencionais por lâmpadas de LED na Avenida Roraima, entre o arco da Universidade e a faixa velha de Camobi. As lâmpadas LED apresentam maior eficiência energética e as instalações estão sendo feitas gradualmente nas áreas de maior circulação de pessoas e nas avenidas principais.
- Usinas fotovoltaicas
O Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM) adquiriu dois sistemas fotovoltaicos para geração de energia. Cada sistema é composto por 98 módulos fotovoltaicos de 450W, atingindo uma potência máxima de 44,1kWp para uma produção anual estimada em 59,8 MWh. Isto resulta em uma economia para a instituição superior a R$100 mil por ano com as duas usinas instaladas.
Somando ações na busca de fontes de energia renováveis, a UFSM conseguiu subsídios para a implementação de duas usinas fotovoltaicas: uma no campus de Santa Maria e outra no campus de Cachoeira do Sul. Cada uma delas terá 400 kW de potência.
Além disso, a Pró-Reitoria de Infraestrutura (Proinfra) publicou gráficos comparativos do consumo de energia elétrica, por meio dos quais o público poderá fiscalizar a economia alcançada mês a mês.
- Redução de 30% da potência do transmissor da Rádio Universidade AM
A Rádio Universidade AM reduziu a potência de seu transmissor de 10KW para 7KW. A medida atende à portaria nº 3767/2021 do Ministério das Comunicações, que autoriza a diminuição da potência estabelecida na licença das emissoras de rádio e de televisão pelo período de seis meses para minimizar os efeitos da crise elétrica e hídrica.
Ensino, pesquisa e extensão
Mas não foi apenas durante a crise que a UFSM realizou atividades em prol do consumo consciente de energia. Considerada a 25º Universidade mais sustentável do Brasil pelo Green Metrics de 2020, a instituição já realizava outras ações sustentáveis voltadas à eficiência energética.
São dezenas de projetos de ensino, pesquisa e extensão com eixo central o estudo de fontes de energia renováveis, entre eles o “Desafios, Novas Ideias e Discussões sobre as Energias Renováveis e a Sustentabilidade na Atualidade e para o Futuro”. A ação é coordenada pela professora do Departamento de Engenharia Elétrica da UFSM Luciane Neves Canha, que recentemente foi incluída entre as 21 Mulheres Mais Influentes da Mobilidade no Mundo pela Vulog (Vulog’s Top 21 Influential Women in Mobility). Dentre as atividades do projeto, estão apresentar discussões, palestras, videoaulas e transmissões ao vivo sobre o tema das energias renováveis e sustentabilidade a partir de palestras de professores, alunos da pós-graduação em engenharia elétrica, pesquisadores renomados nacional e internacionalmente.
Há também o projeto “Energias alternativas: estudo e aplicação em empresas e escolas da região norte e noroeste do estado do Rio Grande do Sul”, coordenado pela professora do Departamento de Engenharia e Tecnologia Ambiental da Universidade Federal de Santa Maria campus Frederico Westphalen Aline Passini. O projeto surgiu em 2016 e visa levar o conceito de eficiência energética por meio da educação ambiental para 19 escolas (estaduais, municipais e particulares) da região de Frederico Westphalen. Com palestras lecionadas por discentes da UFSM-FW, a comunidade escolar recebe suporte para entender de onde vem a energia que eles consomem e quais os impactos ambientais que ela produz.
Texto: Caroline Siqueira, bolsista de Jornalismo do UMA