Homenageando todos os núcleos familiares impactados pelo trabalho feito dentro dos campi da Universidade Federal de Santa Maria, a instituição retorna com a campanha do Mês da Família, que conta a história de quatro egressos que tiveram não apenas sua trajetória, mas a de todos ao seu redor modificada pela inserção no ensino superior.
Assim, a dona da segunda história da nossa série é Fabiane da Rosa Dominguez, licenciada em Pedagogia pela UFSM. Ao longo de 10 anos, os passos da educadora mudaram o destino de seus pais, assim como o de seus irmãos e seu esposo, com quem tem uma filha.
Em 2010, Dominguez formou-se no ensino médio, e tomou uma decisão: prestar o vestibular para entrar no ensino superior. Até então, sua família vivia da agricultura familiar: Fabiane não frequentou cursinhos, tal como não tinha ferramentas de acesso à internet a disposição. Sem condições financeiras para mudar de cidade e viver a vida urbana, a pedagoga entrou para a universidade, mas foram seus pais que tomaram uma difícil decisão: deixar a filha mais velha mudar de município sozinha ou acompanhá-la em sua nova jornada.
Oriundos da pequena cidade de Paraíso do Sul, que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) soma aproximadamente 7.600 habitantes, dona Rose e Seu Antônio decidiram escolher a educação para a filha: mudaram-se com mais três filhos – além de Fabiane e seu noivo, Giovani – para Santa Maria.
Com a mudança de cidade logo após ter completado 18 anos, a história da educadora no mundo acadêmico iniciou com a escolha dos pais, e ela deu continuidade. Ao ingressar no ensino superior, passou por diversas bolsas – como de Iniciação Científica e Capes -, além de atuar no Ipê Amarelo durante cinco anos.
“Tudo isso foi uma transformação da água pro vinho: isso só foi possível porque a UFSM me oportunizou bolsas de estudos”, relatou a pedagoga.
Entretanto, a mudança de ares trazida pela filha dos agricultores inspirou seus irmãos: Gabriel e Jonas entraram para o Colégio Politécnico nos cursos de Eletrotécnica e Informática, respectivamente. Apesar de não terem concluído seus cursos, Fabiane vê que “toda a família tem algum vínculo com a UFSM”. Depois dos pais terem escolhido não só a educação da primogênita mas a saída de um trabalho que consideravam rígido na agricultura, a vida de todos mudou.
Filha do ensino público, Dominguez conquistou o canudo em Licenciatura – Pedagogia no ano de 2015, além de especializar-se em Gestão Educacional e obter o Mestrado nos anos seguintes. Hoje, estuda para o título de Doutora na Federal de Santa Maria, onde foca em modelos híbridos de ensino enquanto cuida de sua filha, Cecília, que tem sete meses de idade.
Enfim, a garota que decidiu desenraizar da agricultura para criar raízes na educação enxerga a Universidade como um segundo lar. Atualmente, seus pais atuam em empregos CLT na cidade de Santa Maria. Enquanto isso, Fabiane atua como professora substituta na mesma faculdade que mudou sua vida.
“Eu trato a UFSM como a minha segunda casa: por vezes, eu prefiro estar lá do que em qualquer outro espaço”, finalizou a professora.
Reportagem: Giulia Cavalheiro, acadêmica de jornalismo e bolsista da Unidade de Comunicação Integrada
Fotos: Arquivo pessoal