Após um adiamento por questões técnicas de segurança, o nanossatélite brasileiro NanoSatC-Br2, desenvolvido pela UFSM e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi lançado com sucesso na madrugada desta segunda-feira (22), a bordo do foguete russo Soyuz-2. O equipamento, de 1,72 quilograma, foi colocado em sua órbita nominal após a decolagem a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.
O equipamento brasileiro agora se encontra em órbita baixa terrestre (LEO) para, entre outros objetivos, estudar e monitorar em tempo real os distúrbios observados na magnetosfera terrestre, a intensidade do campo geomagnético e a precipitação de partículas energéticas sobre o território brasileiro.
O lançamento estava previsto para o sábado (20), mas uma anomalia foi detectada no módulo “Fregat”, um dos estágios superiores do veículo Soyuz responsável pela inserção da carga útil em órbita, nos minutos finais antes do lançamento, quando são feitas as últimas checagens de equipamento. Decidiu-se, portanto, pelo adiamento para que os sistemas passassem por uma nova revisão.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) transmitiu ao vivo em seus canais, nas duas tentativas, todas as fases de lançamento. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, astronauta Marcos Pontes, participou do evento no sábado (20), trazendo sua expertise do setor espacial, ao lado de outros especialistas e profissionais envolvidos no desenvolvimento do nanossatélite, que comentaram passo a passo o lançamento. “Momento muito importante que não só traz a tecnologia, mas também essa agregação de valor com participação da universidade, de professores, alunos. Nós precisamos ter uma renovação de quadros, motivar jovens para trabalhar no setor espacial. Eu faço questão sempre de ressaltar esse ponto da participação da universidade dentro do Programa Espacial, porque é de lá que vem a maior parte das pesquisas realizadas no país”, ressaltou Pontes.
Durante a live o ministro também fez questão de destacar que o MCTI tem trabalhado para valorizar cada vez mais o programa espacial brasileiro. “Tanto o Centro Espacial de Alcântara quanto a produção e desenvolvimento de satélites e outras cargas úteis, foguetes, foguetes lançadores, aplicações no espaço e toda a parte de regulação no espaço. Tudo isso tem sido modernizado na nossa gestão. É um upgrade do programa espacial que, apesar das limitações orçamentárias, tem sido levado a cabo graças à dedicação de tantos profissionais que trabalham em conjunto com o MCTI como a AEB, o Inpe a Força Aérea dentre outros parceiros”, afirmou.
O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), vinculada ao MCTI, Carlos Moura, também fez questão de destacar o trabalho em conjunto e a participação da academia. “É a concretização de um trabalho de muitas pessoas desde estudantes de graduação, pós-graduação, professores, institutos de ciência e tecnologia num ramo que tem crescido cada vez mais que é o dos nanossatélites. A AEB tem como um dos seus objetivos além de apoio às iniciativas de capacitação para o setor espacial também o apoio a iniciativas de ciências”, declarou.
O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade de pesquisa subordinada ao MCTI, Clezio de Nardin explicou qual o papel do Inpe/MCTI nesta empreitada. “Essa classe de nanossatélites é fundamental. A AEB já possui tradição de apoiar pequenos satélites e agora o INPE também se engaja nesta iniciativa mundial pela redução do tamanho dos satélites começando pelos cubesats como porta de entrada para os grandes satélites para atender as demandas nacionais”.
Parceira no NanosatC-Br2 a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) esteve presente na live representada pelo reitor, professor Paulo Burmann, vice-reitor, professor Luciano Schuch, e diretor do Centro de Tecnologia, professor Tiago Marchesan, além de professores e alunos que participaram ativamente do projeto. “É um prazer participar de um evento tão importante para a nossa universidade, para o país, para nossos professores, pesquisadores, estudantes e todos os responsáveis pela realização deste projeto. É o segundo nanossatélite que a UFSM participa e temos muito orgulho de fazer parte de um projeto como esse”, destacou Burmann.
Nova tentativa
Em nota, o diretor-geral da Roscosmos, Dmitry Rogozin, informou que seriam realizadas nova inspeções no veículo lançador no domingo (21), e caso os resultados dos testes fossem positivos, que uma nova tentativa de lançamento seria marcada para o dia 22, às 11h07 no horário local (3h07 no horário de Brasília).
Esse tipo de adiamento é comum em lançamentos espaciais, em que a segurança do equipamento e de pessoal vem em primeiro lugar. Assim, os procedimentos de checagem garantem um alto nível de sucesso e confiabilidade. O módulo russo “Fregat”, por exemplo, responsável pelo adiamento neste caso, tem um elevado índice de sucesso, com 97,6% (somente duas falhas em 83 lançamentos), o que o torna um dos estágios superiores mais confiáveis do mundo. É também o único estágio superior capaz de inserir carga útil em 3 diferentes órbitas em um mesmo voo.
Finalmente, às 3h07 minutos de segunda-feira (22), o foguete Soyuz-2 decolou do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, carregando o nanossatélite brasileiro NanoSatC-Br2. Na live realizada para a segunda tentativa, após a decolagem bem-sucedida, o diretor do Inpe/MCTI, Clezio de Nardin, explicou os próximos passos, em que a equipe em solo inicia as operações de testes de voo, de telecomandos, sistemas, entre outros.
“O pessoal acha que agora terminou o trabalho, mas ele acaba de começar”, afirmou. “Agora entramos na parte que chamamos de LEOP. O Fregat vai começar a liberar a carga principal de satélites, depois ele faz a subida para uma órbita mais alta, larga vários satélites e depois ele desce, e por isso é que ele leva essas quatro horas, chegando a uma órbita mais baixa, onde saem os últimos seis satélites, onde está o nosso.”
Sobre o NanoSatC-Br2
O lançamento de nanossatélite é parte do projeto de desenvolvimento de missões espaciais com foco científico, tecnológico e educacional apoiados pelo MCTI e parceiros.
Os satélites padrão CubeSat são plataformas padronizadas mais baratas e acessíveis e de rápido desenvolvimento. Suas aplicações no Brasil têm sido, principalmente, com foco em pesquisas e capacitação de recursos humanos e operacionais e, o NanosatC-Br2, posicionará o Brasil à frente na discussão sobre importantes questões das pesquisas relacionadas ao Geoespaço, Aeronomia, Geofísica Espacial e de Engenharias e Tecnologias Espaciais.
O NanoSatC-Br2 é o segundo nanossatélite científico universitário brasileiro, proposto no âmbito do Programa NanoSatC-Br, que consiste em uma parceria entre a a AEB e o Inpe, instituições vinculadas ao MCTI, e a UFSM, do Rio Grande do Sul.
O programa é voltado para a integração e formação de professores universitários, alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadores e tecnologistas em projetos de pesquisa espacial e áreas afins, como o desenvolvimento de engenharias, tecnologias espaciais, ciências da computação e espaciais, promovendo a preparação de uma nova geração de profissionais, pesquisadores e promotores do conhecimento sobre o assunto.
Mais informações sobre o projeto do nanossatélite no link.
Texto: Assessoria de Comunicação do MCTI
Fotos: Reprodução/mídias sociais