Em cerimônia restrita, sem convidados, o Colegiado Executivo do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), junto com as equipes de transferência, realizaram a abertura dos 20 leitos Covid na nova Central de UTIs, na manhã desta sexta-feira (26). Às 9h16min, chegava às novas instalações o primeiro paciente transferido da UTI Covid. A UTI Covid instalada – provisoriamente – no Pronto-Socorro do hospital, em abril do ano passado, atendia 15 pacientes. Com a transferência para as novas instalações, no segundo andar, foi possível aumentar a oferta em mais cinco novos leitos.
Para o reitor da UFSM, Paulo Burmann, essa obra é de importância estratégica indiscutível e entregá-la nesse momento, em que o Estado mais precisa, é crucial.
– É um trabalho de muitas mãos e estamos todos envolvidos e preocupados com a situação atual. Desde o início da pandemia, a Universidade, juntamente com o HUSM-EBSERH, vem desenvolvendo diversas ações no enfrentamento ao coronavírus. E essa obra é mais um exemplo disso. Muitos esforços foram concentrados na missão de concluir a “nova CTI” e assim colocar mais leitos, com qualidade e segurança a serviço da saúde da população e, hoje, com êxito, podemos disponibilizá-la à comunidade em meio a esta gravíssima crise sanitária. Depois de 10 anos de obra, onde descumprimentos contratuais que exigiram recisões sucessivas constituíram os entraves que justificaram a demora e os prejuízos inerentes, finalmente o ensino e assistência reforçam e qualificam seus espaços e sua infraestrutura. Um esforço conjunto do Ministério Público Federal, da AGU/PGF-UFSM, da Pró-reitoria de Administração e da Pró-reitoria de Infraestrutura foi decisivo para a retomada que levou à sua conclusão. Foram fundamentais, igualmente a atuação e apoio orçamentário da EBSERH e sua Presidência e o aporte de recursos do MEC para aquisição de importante parte dos equipamentos, ambos por gestão da UFSM.
– A abertura da Central de UTIs não poderia ocorrer em momento mais oportuno. Em que o Estado enfrenta uma situação delicada de falta de leitos hospitalares. É um momento histórico, porque somos referência para mais de 1,5 milhão de habitantes – afirma Elaine Resener, superintendente do Hospital Universitário de Santa Maria.
– A importância desses leitos é garantir maior acesso à população. Impossível não destinar todas estruturas disponíveis para atendimento da comunidade – complementa a gerente de Atenção à Saúde do HUSM, Soeli Guerra.
Para garantir a segurança dos pacientes e dos profissionais, a transferência foi planejada nos mínimos detalhes. Foram montadas três equipes para monitorar os pacientes desde a saída da UTI Covid, o trajeto de 50m do térreo ao segundo andar, até a instalação na nova área. Os mais estáveis foram transferidos primeiro. Na sequência, seguiram os 8 pacientes em ventilação mecânica.
O primeiro paciente, natural de Jóia, um homem de 41 anos, ocupou o leito de número 8. Às 11h24min, cerca de 2h depois, os demais estavam todos instalados, sem nenhuma intercorrência.
A abertura dos cinco novos leitos contou com o apoio da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que autorizou a compra de equipamentos e contratações emergenciais para compor as equipes.
– Colocamos em uso nossos equipamentos reservas e uma equipe de engenharia clínica para consertos e revisão dos equipamentos em tempo real, enquanto aguardamos a chegada dos novos, adquiridos pela UFSM. Quanto a equipe, estamos redistribuindo os profissionais experientes, que estão fazendo carga horária adicional para fechar as escalas, até a contratação – já liberada pela Ebserh – de novos profissionais mediante Processo Seletivo Simplificado – garante a gerente de Atenção à Saúde.
Outra novidade foi que o HUSM colocou à disposição do Estado o espaço que vagou no Pronto-Socorro, após a transferência dos pacientes para a nova Central de UTIS. Existe a possibilidade, ainda sem data definida, da abertura de 15 leitos clínicos no local.
– Disponibilizamos o espaço físico, devido à gravidade e ao avanço na Pandemia, mas precisamos de toda infraestrutura desde cama até monitores e respiradores – explica Soeli.
A superintendente do HUSM ressaltou ainda que, além do papel fundamental na assistência ao paciente, a nova Central de UTI – que prevê a abertura de 82 leitos no total, após a transferência dos pacientes das UTIs Adulto, Coronária, Pediátrica e Neonatal – é indispensável à formação de novos profissionais.
– Essa pandemia evidenciou a falta de profissionais nas áreas de intensivismo, emergência e Pronto-Socorro. Em muitos locais existe a possibilidade de contratação e não há candidatos. Temos o compromisso de formar aqui bons profissionais. As instalações da nova central de UTI são o que existe de mais moderno em relação a arquitetura hospitalar na área. Temos condições de formar uma especialista de altíssima qualidade, devido a incontestável qualidade dos nossos profissionais e preceptores.
O que dizem as autoridades
O prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobon, relata que mais uma vez o trabalho da UFSM apresenta resultados: “a nova Central de UTIs do Husm reforça a estrutura de Santa Maria para que a cidade se consolide, ainda mais, como um polo regional de serviços de saúde. E o começo do funcionamento da Central, com a inauguração de cinco novos leitos, neste que é o pior momento da pandemia no Estado, é um incremento fundamental na difícil batalha contra a Covid-19. A Prefeitura agradece, e muito, o esforço feito pela Ebserh, UFSM e todos os gestores do Husm, para que esta obra realmente saísse do papel e fosse entregue à comunidade santa-mariense”
A trajetória para conclusão da obra
Desde 2013 – quando iniciou a obra –, uma série de questões atrasou sua conclusão, como contratos que não foram cumpridos, problemas de projeto e execução, além de licitações sem interessados.
Em março de 2020, frente à situação do novo coronavírus, a UFSM e o HUSM-EBSERH se reuniram com o Ministério Público Federal e a Advocacia-Geral da União na busca de agilizar a conclusão da obra. Foi viabilizado um contrato emergencial e uma empresa se habilitou. Em abril, a obra foi retomada. Oito meses depois, finalizada e entregue pela Pró-Reitoria de Infraestrutura da UFSM à Superintendência do HUSM-EBSERH. O local ainda necessitava de equipamentos, móveis e vistoria técnica, para a transferência dos leitos.
A entrega da Central de UTIs foi resultado da conjugação de esforços feitos, ao longo dos últimos 7 anos, de várias instituições públicas e privadas. A obra iniciou com a destinação de cerca de R$ 2 milhões do Ministério da Educação (MEC), através da UFSM, em 2013.
Em 2017, foram repassados R$ 703 mil pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). Em 2019, em visita às obras da Central de UTIs, o atual presidente da EBSERH, General Osvaldo de Jesus Ferreira, comprometeu-se com o financiamento para conclusão da mesma. Foram repassados R$ 732 mil, em 2019, e R$ 2,1 milhões em 2020.
Após a finalização da obra, restava a aquisição de equipamentos e mobiliário, que exigiu um investimento de cerca de R$ 13,6 milhões. Este recurso foi investido através da UFSM, como verbas oriundas do Governo Federal para ações de enfrentamento à Covid-19, bem como através de aportes financeiros da EBSERH.
Além dos esforços conjuntos da UFSM, através do reitor, da Pró-reitoria de Infraestrutura, Pró-Reitoria de Administração e seus órgãos executivos (DEMAPA e DCF), e do Hospital Universitário de Santa Maria, também apoiou a ação a Empresa Linea Studio, com o projeto dos móveis dos ambientes da Central.
Representando o interesse coletivo, sobretudo em virtude da pandemia COVID-19, o Ministério Público Federal apoiou a agilização da obra, assim como a Prefeitura Municipal de Santa Maria e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Texto: Mariângela Recchia (Jornalista HUSM-EBSERH) e Solange Prediger (Relações Públicas UFSM)
Fotos: Mariângela Recchia (Jornalista HUSM-EBSERH)