2020 não foi um ano comum. A Covid-19 obrigou o mundo a se readaptar e mudar sua rotina. Consequentemente, a pandemia causada pelo novo coronavírus também impactou o esporte. Se, na esfera global, as Olimpíadas de Tóquio foram reagendadas para 2021, as práticas esportivas da UFSM também passaram por dificuldades. Dentre elas, o atletismo, que nos últimos anos colecionou resultados positivos nos níveis estadual e nacional.
“Foi um ano muito atípico. A gente começou a preparação física pensando na prova de Montevidéu (o Grand Prix Estrella Puente), que tem em março. Estávamos com a equipe preparada, com o ônibus alugado e tivemos que cancelar. (…) Muitos atletas tiveram que parar, mas foram retomando os treinos individuais. No entanto, as competições não ocorreram até o final do ano, em novembro e dezembro, quando a gente teve o Troféu Brasil e o Campeonato Brasileiro Sub-23”, conta o professor Luiz Fernando Cuozzo Lemos, coordenador do Núcleo de Implementação da Excelência Esportiva e Manutenção da Saúde (Nieems), ao qual a Equipe de Atletismo da UFSM é vinculada.
No entanto, se a pandemia atrapalhou os treinamentos, ele aponta também pontos positivos que o ano de superação trouxeram.
“A pandemia atrapalhou no acompanhamento dos atletas e da equipe. Tudo bem que temos o acesso remoto, mas não é a mesma coisa. Atrapalhou também na rotina de treinos, na intensidade dos treinos, nos treinos em equipe. Mas se sobressaiu a força de vontade dos atletas. Estima-se que atualmente haja 60 integrantes na equipe, com alunos de todos os centros da instituição”, conta o professor.
O mesmo discurso foi utilizado por Rodrigo Constantino de Melo, que é treinador da equipe de velocidade, atleta e egresso da UFSM: “acredito que 2020 serviu para fortalecer a equipe. Ele mostrou que somos capazes de bons resultados mesmo em momentos não tão favoráveis. (…) Nós vínhamos numa ascendente desde 2018, quando a equipe foi reestruturada, e 2020 serviu para confirmar isso”.
Os resultados em questão foram obtidos nos dois únicos torneios disputados na temporada: o Troféu Brasil (maior competição de equipes de atletismo da América Latina), em São Paulo, e o Campeonato Brasileiro Sub-23, na cidade de Bragança Paulista. Daniel Ortiz, atleta de corrida de 3 mil metros com obstáculos e 5 mil metros rasos, participou de ambos os campeonatos.
“Esse ano, sendo um ano que teve a pandemia, atrapalhou bastante os treinamentos e o psicológico, mesmo assim conseguimos treinar por conta e participar de competições. Eu pensava que seria um ano sem torneios importantes, mas mesmo com todo o caos conseguimos participar”, pontuou o atleta.
O professor Lemos classificou como “fantástica” a participação da equipe. Mesmo sem medalhas, a oportunidade foi única. “Sabemos que é uma construção e que é importante passar a competir em uma competição que necessita de índices para participar. Até então, não tínhamos a oportunidade. No campeonato sub-23 fomos muito bem também”, disse.
A equipe da UFSM levou sete atletas para o Troféu Brasil e participou de cinco modalidades: corrida 4×100 metros; corrida 4×400 metros; 3000 metros com obstáculos (masculino e feminino) e lançamento de disco. Constantino destacou dois resultados considerados positivos: o 8º lugar na corrida de 4×400 e a 12ª posição na de 4×100.
Projeção para 2021 – “Imaginando ser um ano normal, o nosso planejamento é seguir o que fizemos em 2020: participar de torneios internacionais, ampliar a equipe, ampliar a base, retomar os objetivos universitários, que a pandemia atrapalhou muito, retomar a posição de protagonismo do atletismo no Rio Grande do Sul”, destacou o coordenador, para quem um dos principais objetivos é atrair os atletas que se afastaram da equipe ao longo do ano, fortalecer a base e trazer novos integrantes.
Outro ponto importante que pode ser decisivo em 2021 é a possível conclusão da pista de atletismo do Centro de Educação Física e Desportos, o que, segundo Lemos, deve ocorrer no primeiro semestre do ano. Ele afirma que “com ela, Santa Maria vai se tornar referência do atletismo no cenário nacional e até internacional”. Conforme o coordenador, o projeto foi financiado pelo antigo Ministério do Esporte com um valor de aproximadamente R$ 8 milhões. Com as melhorias, a pista passa a ter padrão olímpico: pista emborrachada, oito raias e toda feita de material sintético. Para a entrega do espaço, ainda faltam materiais de fornecedores para a empresa que está construindo. Muito deste problema se dá em função da pandemia.
Texto: Juan Grings, acadêmico de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Lucas Casali