Pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (CAPPA) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e do Museu Argentino de Ciências Naturais publicaram estudo no periódico científico Journal of Vertebrate Paleontology que apresenta uma nova espécie de cinodonte. O animal viveu há cerca de 225 milhões de anos, durante o Período Triássico, onde hoje é a Quarta Colônia, na região central do Rio Grande do Sul.
O mais novo achado, uma nova espécie de cinodonte, linhagem que inclui os ancestrais dos mamíferos atuais, foi descoberto no município de Agudo O animal recebeu o nome de Agudotherium gassenae, formado a partir da combinação das palavras: “Agudo”, em referência a cidade que foi encontrado, e “therios” relacionado a mamífero. Já “gassenae” faz homenagem à Valserina Maria Bulegon Gassen, ex-prefeita de São João do Polêsine e Secretária Executiva do CONDESUS (Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia), por sua contribuição na criação do CAPPA/UFSM.
O material fóssil conhecido de Agudotherium gassenae é representado pelos dentários direito e esquerdo (principais ossos da mandíbula), com dentes preservados. Esse pequeno cinodonte media aproximadamente 30 centímetros de comprimento e trata-se possivelmente de um indivíduo adulto. Dada sua dentição, provavelmente teria uma dieta carnívora/insetívora, alimentando-se de insetos e de animais menores. No estudo, os pesquisadores usaram microtomografia computadorizada para estudar a morfologia mandibular e dentária do animal.
Agudotherium gassenae é a segunda espécie descrita para o Sítio Niemeyer, localizado no interior do município de Agudo. Desde a descoberta deste novo sítio fossilífero, em 2014, pesquisadores do CAPPA vêm fazendo novas escavações e coletas de fósseis. A primeira espécie estudada e identificada para essa localidade fossilífera foi o cinodonte traversodontídeo Siriusgnathus niemeyerorum, descrito em 2018.
O primeiro material fóssil encontrado de Agudotherium gassenae, dentário direito, foi coletado por paleontólogos do CAPPA no início de 2017. Para a surpresa da equipe de pesquisadores, em julho de 2019, no mesmo local onde foi coletado esse primeiro espécime, o osso homólogo (dentário esquerdo) foi descoberto. Os pesquisadores não podem afirmar se ambos os materiais fósseis de Agudotherium gassenae representam o mesmo indivíduo, uma vez que os espécimes não foram coletados juntos e o intervalo de tempo entre a coleta de cada material é considerável. Contudo, ambos apresentam o mesmo tamanho e estágio ontogenético.
A descoberta faz parte da tese de doutorado da paleontóloga Micheli Stefanello, pelo Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal da Universidade Federal de Santa Maria, com o apoio de profissionais do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (CAPPA/UFSM) e do Museu Argentino de Ciências Naturais. Segundo a pesquisadora, Agudotherium gassenae faz parte da linhagem dos cinodontes probainognátios, formas relacionadas muito próximas aos mamíferos, que se caracterizam por uma média corporal pequena e hábitos alimentares predominantemente carnívoros e insetívoros. Provavelmente esses animais viviam em tocas e tinham hábitos noturnos, sendo possivelmente presas de predadores maiores, como os dinossauros.