No primeiro semestre deste ano, 12 projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) foram assinados na UFSM. Com financiamento de oito empresas de diferentes setores, a soma do investimento para o desenvolvimento dos projetos passa de R$ 13 milhões. Quando comparado com todo o ano de 2019, quando foram captados pela UFSM mais de R$ 9,6 milhões, apenas neste primeiro semestre de 2020 esta captação de investimento em projetos de P&D representa um acréscimo de cerca de 36%.
A Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia da UFSM (Agittec), por meio da Coordenadoria de Transferência de Tecnologia (CTT), é o setor responsável pela prospecção e negociação de parcerias para desenvolvimento conjunto de projetos de P&D entre a UFSM e os setores público e privados, e também pela gestão administrativa de processos destes projetos. O setor também apoia juridicamente a elaboração e assinatura de contratos, realiza a análise formal, discussão contratual e o cumprimento de requisitos legais, e acordos relativos à inovação tecnológica.
A contadora Lauren Lorenzoni, explica que a Coordenadoria de Transferência de Tecnologia da UFSM está sendo cada vez mais demandada por diferentes empresas que buscam na instituição a cooperação técnico-científica para o desenvolvimento de projetos de P&D que atendam às suas necessidades em termos de produtos, processos e serviços. “Buscamos otimizar e potencializar essa prospecção de expertises internas, bem como, compreender as áreas onde há maior potencial inventivo dentro da universidade”, ressalta.
Para o coordenador da CTT, Ândiel Ortiz, o aumento dos projetos assinados e dos investimentos em P&D atinge as expectativas da coordenadoria, e contribui para a retomada do desenvolvimento econômico. “Temos uma missão estratégica em apoiar e facilitar a formalização de interações capazes de associar o conhecimento à aplicação em prol das demandas sociais e do desenvolvimento econômico. Os projetos de P&D são resultado dessa interação, e permitem aproximar alunos e pesquisadores da realidade e das demandas de empresas e da sociedade”, destaca.
O que são projetos de P&D?
Os projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) são iniciativas que buscam ampliar, intensificar e fortalecer a cooperação técnico-científica e a transferência de tecnologia com foco nas relações universidade-empresa, além de proteger o conhecimento gerado pela comunidade universitária.
Segundo o coordenador da CTT, Ândiel Ortiz as relações entre a academia e a indústria tiveram o primeiro grande marco ainda em 2004, com a criação da Lei de Inovação (Lei 10.973/04), e desde 2015 teve suas possibilidades ampliadas e regulamentadas, proporcionando segurança jurídica aos envolvidos, promovendo o profissionalismo e a institucionalização de projetos em parceria. “Estes projetos estimulam a formação dos/das estudantes, garantindo qualificação profissional e experiência, possibilitando ótimas oportunidades aos alunos da UFSM para atuação no mercado de trabalho, especialmente em posições de alta relevância, bem como aplicação de pesquisas no ambiente da indústria”, ressalta.
Veja abaixo as características para desenvolvimento de projeto de pesquisa, os tipos de formalização da relação entre universidade e empresa para desenvolvimento de projeto de pesquisa:
Projeto de P&D da UFSM utiliza análise de Big Data para identificar possíveis furtos de energia
A parceria entre a UFSM e a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) corresponde a 30,7% dos projetos assinados no primeiro semestre deste ano. O valor total do financiamento para o desenvolvimento dos projetos é de R$ 4.766.192.
Dentre os projetos da CEEE, o Processo estruturado para identificação de outliers na análise de grandes bancos de dados (BDA) utilizando procedimentos de data mining, agregando a informações de redes sociais é o P&D com o maior investimento da empresa. O trabalho, com uma proposta inédita, é coordenado pela professora do Departamento de Eletromecânica e Sistemas de Potência da UFSM Alzenira da Rosa Abaide. O grupo de pesquisa pretende criar uma metodologia utilizando a base de dados da empresa e informações disponíveis na internet, que estejam de modo público, como aquelas que estão em redes sociais, para identificar e localizar prováveis pontos de furtos de energia. “O furto de energia na CEEE-D é em torno de R$ 175 a 200 milhões por ano. A proposta do nosso projeto é criar um método para identificar onde essas perdas não técnicas, ou seja, os furtos, estão ocorrendo, na tentativa de recuperar essa receita da empresa”, explica a professora.
Segundo Alzenira, o valor dessa energia furtada é transferido para as contas dos outros consumidores, e ainda pode interferir na queda da qualidade do produto. “Os furtos podem provocar aquecimento nos cabos, pode ter sobrecarga nos transformadores, uma série de prejuízos técnicos da rede que afeta todos os consumidores do sistema. Se não houvesse esse tipo de comportamento todos seriam beneficiados”, ressalta.
Para o bolsista do projeto e doutorando do programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UFSM (PPGEE), Bruno Knevitz Hammerschmitt o trabalho também contribui para a preservação do meio ambiente, pois com a redução das perdas de energia, a necessidade do parque de expansão será menor. “Terá menos energia injetada na rede para atender os consumidores legais. Se nós conseguirmos reduzir as perdas, teremos uma eficácia na questão de distribuição, atendimento da qualidade do serviço e entrega do produto, e ainda a redução da expansão do parque gerador de energia”, explica o doutorando.
Segundo a professora, os prejuízos com os furtos de energia não ocorrem só no Brasil. Ela ressalta a importância das pesquisas para buscar solucionar esse problema: “Quanto a evolução das perdas eu diria que ela é mais acentuada em países do terceiro mundo ou países pobres, como países em desenvolvimento, e menor em países ricos, mas não inexistentes. Então esse campo de estudo é promissor, pois sempre vai existir novas demandas”, destaca a docente que há 20 anos trabalha com projetos de P&D para o setor elétrico e já teve outros trabalhos aprovados pela CEEE-D.
O projeto, que conta com a participação de 14 pesquisadores da UFSM, está na fase inicial. O grupo planeja eleger uma região piloto para começar as análises. O P&D coordenado pela professora Alzenira foi selecionado Edital de Chamada Pública N° 001/2018 – CEEE-D que estabelece parcerias com Universidades, Empresas e Instituições de Pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias do setor energético e da sociedade como um todo. O edital está amparado na Lei No 9.991, de 24 de Julho De 2000 que dispõe sobre realização de investimentos em pesquisa e desenvolvimento em eficiência energética por parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de energia elétrica.
Parceria entre CEEE e UFSM
Há mais de 16 anos que UFSM e CEEE trabalham em conjunto para solucionar as demandas da empresa, proporcionando aos estudantes da universidade experiências que contribuem para o desenvolvimento científico em contato com o mercado de trabalho. No levantamento realizado pela Agittec, a partir do ano de 2012 até o primeiro semestre de 2020 foram assinados 14 projetos de P&D, que totalizam um investimento da empresa na UFSM da ordem de mais de R$ 12 milhões.
Projetos de P&D assinados no primeiro semestre de 2020
Conheça outras empresas parceiras da UFSM e saiba mais sobre os processos contratuais para a formalização dos projetos de P&D no site da Agittec.
Dúvidas sobre projetos de P&D podem ser enviadas para o e-mail da Coordenadoria de Transferência de Tecnologia da UFSM: agittec.tt@ufsm.br.
Texto: Luana Giazzon, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (Agittec)
Edição: João Ricardo Gazzaneo, Jornalista da Unidade de Comunicação Integrada (Unicom)
Ilustrações: Camila Santarem, acadêmica de Desenho Industrial, bolsista da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (Agittec)