A primeira edição da live semanal que o projeto COVID Psiq organiza no seu canal no YouTube discutiu o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e como a pandemia do novo coronavírus pode despertá-lo. O evento contou com a mediação de Andrea de Abreu Feijó de Mello, médica psiquiatra e professora de Psiquiatria na Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, com a participação de Marcelo Feijó de Mello, professor livre-docente adjunto do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP e professor pleno da Faculdade de Medicina do Hospital israelita Albert Einstein e do professor José Paulo Fiks, secretário do Centro de Estudos Paulista de Psiquiatria (CEPP), psiquiatra, professor afiliado da UNIFESP e pesquisador do PROVE.
Foram quatro pontos discutidos na live: como o medo na pandemia pode gerar o estresse pós-traumático; depressão e ansiedade no isolamento; a semelhança com a Síndrome de Burnout; e os casos de pacientes e profissionais na UTI dos hospitais.
De acordo com o professor José Paulo Fiks um TEPT pode ser originado do medo de contrair a COVID-19 levado a uma situação extrema. Já o professor Marcelo de Mello ressaltou pontos importantes que podem contribuir além do medo, como a sensação de impotência de quem pega o vírus mesmo estando em isolamento em casa.
O isolamento, por sua vez, também pode gerar outro problema: a depressão ou situações mais graves de ansiedade. Para Mello, algumas pessoas sentem mais falta do que outras da troca e da relação pessoal com os demais, variando de acordo com cada personalidade. Já Fiks ressaltou ainda as questões culturais que cercam as dificuldades psicológicas do isolamento e destacou o papel do jornalismo como um meio de fazer seu público se acostumar com a situação e diminuir a tensão.
No terceiro eixo de debate, foi usada como exemplo a Síndrome de Burnout, que é o estresse e esgotamento causado pelo trabalho. Nesse caso, os debatedores mostraram como o estresse pós-traumático não precisa necessariamente de um fato específico que funcione como um trauma: ele pode ser causado pelo esgotamento mental diário. Nesse sentido, Mello lembrou como a pandemia afetou os profissionais da saúde, que viram sua rotina de trabalho ser alterada e a demanda subir a níveis raramente vistos. Essa situação gera um estresse muito alto, que pode ser bastante prejudicial.
Por fim, os professores discutiram o que a UTI pode representar para quem esteve lá como paciente ou funcionário em níveis de estresse, ambiente de situação crítica e limite, que pode gerar, como consequência, o estresse pós-traumático.
As lives do projeto COVID-Psiq serão semanais. Na próxima semana, o programa ao vivo trará os resultados da segunda fase da pesquisa que o projeto tem realizado com voluntários sobre a pandemia e saúde mental.
Reportagem: Juan Grings, bolsista da Agência de Notícias da UFSM
Edição: Davi Pereira