O Dia das Mães é o feriado mais importante para a comercialização de flores no Brasil. Mas a statice, também conhecida como “flor seca” ou “sempre viva”, só consegue ser produzida no Rio Grande do Sul de setembro a dezembro. Fora desta época a planta não floresce.
Uma pesquisa inédita coordenada pela Equipe PhenoGlad da UFSM, em parceria com a Emater/RS-Ascar e a Associação Rio-Grandense de Floricultura (Aflori), está em andamento para produzir a flor para o Dia das Mães deste ano. A pesquisa está acontecendo em produtores de cinco municípios gaúchos (Cachoeira do Sul, Ivoti, Rio Pardo, Santa Maria e Vale Verde) para testar uma tecnologia de produção da statice na entressafra, seguindo uma técnica internacional moderna de pesquisa denominada “pesquisa on farm“, que significa fazer o estudo diretamente na propriedade de agricultores.
Nesta terça-feira (21) aconteceu a colheita das primeiras flores da statice no ensaio que está sendo conduzido na propriedade de Laerte José Corrêa da Silva, em Ivoti, a Cidade das Flores. Laerte é vice-presidente da Aflori e um tradicional produtor de flores, incluindo statice. “Estas são as primeiras statistes fora de época colhidas em Ivoti, graças ao projeto Flores para Todos, parceria da Equipe PhenoGlad UFSM/Emater/Aflori”, comenta Laerte, muito feliz com a novidade.
Segundo o professor Nereu Augusto Streck, da Equipe PhenoGlad na UFSM e um dos coordenadores do projeto, a statice está sendo estudada para ser introduzida no projeto Flores para Todos, pois reúne características como fácil cultivo, baixo custo de produção, ótima aceitação pelo consumidor e pode ser guardada por vários meses, o que dá muita flexibilidade aos produtores na hora da venda, diferente de muitas outras espécies de flores que são bastante perecíveis.
“Neste momento da pandemia, que vemos plantações inteiras de flores ao redor do mundo sendo destruídas por falta de compradores e que não podem ser armazenadas, o projeto ganha ainda mais importância”, comenta Streck.
Além de Ivoti, a novidade da colheita da statice fora de época já iniciou nos produtores do projeto nos municípios de Rio Pardo e Santa Maria. Em Cachoeira do Sul e Vale Verde a primeira colheita vai acontecer nos próximos dias, pois as primeiras flores já estão bem adiantadas no campo. “Nós, da Equipe PhenoGlad, estamos muito contentes com os primeiros resultados e atingindo a meta do projeto, que é conseguirmos produzir a flor para o Dia das Mães este ano, um fato inédito no Brasil, e vai ajudar o agricultor a ter mais renda”, ressalta.
O professor destaca ainda a participação dos extensionistas da Emater no estudo. A pesquisa é inovadora porque também está sendo feita diretamente no produtor, com a participação fundamental dos extensionistas da Emater. “Essa forma de fazer pesquisa constrói a tão desejada ponte que leva e traz a informação gerada no produtor para a pesquisa e da pesquisa de volta ao produtor, e quem faz esse leva-e-traz é o extensionista, que sempre está na ponta onde os problemas acontecem e a quem devemos valorizar cada vez mais no ambiente produtivo”, ressalta.
O projeto vai continuar no próximo ano. “O primeiro passo do projeto, desenvolvido este ano, foi conseguir induzir as plantas a florescerem fora de época, o que nunca se tinha conseguido aqui no RS. Vamos ver como as plantas vão se comportar durante os próximos meses, no outono e no inverno, para aprendermos sobre elas. Já detectamos alguns ajustes que precisaremos fazer na pesquisa no próximo verão, de modo a consolidarmos os resultados e para depois entregar aos produtores e extensionistas uma tecnologia sustentável de produção que aumenta a renda das famílias do campo”, conclui.
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