O curso de Licenciatura em Ciências Sociais realizou a a 4ª edição do projeto “Vamos Conversar? – Debates sobre docência em Ciências Sociais”. O evento foi no dia 21 de novembro, no Centro de Ciências Sociais e Humanas da UFSM (CCSH), onde foi apresentado e debatido o projeto “Além da Ponte: educação para transformar a realidade na Vila Renascença”.
O projeto é desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Sérgio Lopes, localizada na Vila Renascença e foi apresentado pela diretora Andreia Aparecida Liberali Schorn e pela professora de literatura Daniela Fontoura da Escola Sérgio Lopes. A escola atende atualmente 198 alunos do berçário ao 9º ano.
De acordo com a diretora, no início do ano letivo de 2019, os professores e a diretoria da escola decidiram mudar a metodologia de ensino dos alunos do Sérgio Lopes. “Começamos a receber vários relatos de casos de violência doméstica que as crianças nos contavam e também dúvidas de questões de gêneros que eles tinham, como o que é de menino e o que é de menina. Nos questionavam sobre orientação sexual e também de atitudes machistas e feministas. Partindo disso, queríamos que os meninos e meninas tivessem e merecessem outro tipo de educação em que essas questões fossem abordadas . Começamos então a trabalhar a valorização das mulheres e suas histórias. Trouxemos figuras femininas da comunidade da Renascença, de Santa Maria e do mundo,” explica Adriana.
O projeto Além da Ponte foi implementado nas salas de aula em Maio. De acordo com as professoras, cada sala de aula foi “batizada” com o nome de mulheres cujas histórias foram estudadas pelas turmas. Hoje, as salas recebem os nomes de “Maria Rita”, “Frida Kahlo”, “Maria da Penha”, “Marie Curie”, “Marta Vieira da Silva”, “Tarsila do Amaral” e “Djamila Ribeiro”. Além das salas de aula com a história dessas mulheres, as crianças podem interagir com bonecas de pano com a características dessas personalidades femininas: “ As bonecas trazem uma afetividade aos projetos, tanto para a criança quanto para o adolescente. Traz aquela interação para pegar, tocar , tirar foto e temos também crianças que são deficientes visuais e autistas. Elas se identificam mais se podem pegar no colo, tocar sentir, saber como se vestia, quais características ela tem, é um modo de significar,” comenta a diretora.
Apesar de ter pouco tempo de efetivação na escola, o projeto já trouxe muitas mudanças para a escola Sérgio Lopes e na vida de seus alunos.“Nós temos mais meninas com o cabelo solto na escola, que se identificaram com as mulheres que estudamos. Antes elas não andavam com os cabelos soltos. Não vemos mais brigas nas quadras, porque antes eles tinham o pensamento de que menina não pode jogar futebol e aí acabavam brigando pelo espaço da quadra. Agora já jogam juntos. Os alunos não brigam mais entre eles pelas diferenças,” relata.
Adriana e Daniela mostraram que a escola tem o perfil de trabalhar com projetos que envolvem o interesse das crianças e escutam seus alunos. O projeto traz a educação para transformar a realidade de muitas crianças na vila renascença, transformando-as em alunos protagonistas e produtores de cultura.
Licenciatura em Ciências Sociais promoveu a formação de professores em 2019
Ao longo de 2019, o projeto “Vamos Conversar” promoveu uma série de encontros para conversar e debater sobre questões que envolvem o processo de formação docente em Ciências Sociais. Os encontros incluem discussões sobre temáticas relativas à licenciatura na área de Ciências Sociais, estruturação da carreira, mercado de trabalho, apresentação de pesquisas e experiências didático-pedagógicas desenvolvidas por profissionais e estudantes.
Reportagem e fotos: Ana Júlia Müller – bolsista da Agência de Notícias da UFSM
Edição: Davi Pereira – jornalista