Um artigo científico escrito por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria e das universidades australianas de Deakin e New South Wales recomendou a ampliação das diretrizes globais de atividade física, com o objetivo de garantir melhor impacto na saúde física e mental.
O professor do Centro de Educação Física e Desporto da UFSM, Felipe Schuch, é um dos autores do artigo. Ligado ao Departamento de Métodos e Técnicas Desportivas da universidade, o pesquisador afirma que as principais recomendações internacionais foram desenvolvidas com foco na promoção da saúde física, mas não contemplam os impactos sobre a saúde mental. O objeto do artigo é fazer com que a promoção do bem-estar mental por meio de atividades físicas entrem no radar de recomendações como as da Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com a autora principal do artigo, Dra. Megan Teychenne, da Universidade de Deankin (Austrália), o estudo mostra que, embora existam recomendações globais eficientes, que apontam para a quantidade adequada de exercícios físicos para manter uma boa saúde geral, há lacunas a serem preenchidas quanto a aspectos específicos da saúde mental. O artigo defende que sejam desenvolvidas recomendações específicas, pois nem todos os exercícios têm o mesmo impacto sobre a saúde mental.
O estudo aponta, por exemplo, que atividades físicas voltadas ao lazer ou mesmo de transporte ativo (como andar de bicicleta) são mais benéficas ao bem-estar mental. Exercícios motivados, que são agradáveis e importantes para o indivíduo são benéficos, ao contrário de exercícios realizados por pressão ou culpa.
Outro aspecto apontado é que, quando se trata da saúde mental, o domínio da atividade física é mais importante do que para a saúde física. O estudo aponta que a quantidade de exercícios recomendada também precisa ser revista para que os impactos sobre a saúde mental sejam considerados. Atualmente, se recomenda um mínimo de 150 minutos de exercício aeróbico e duas sessões de exercícios de fortalecimento muscular por semana. De acordo com os autores, para o bem-estar mental, os exercícios podem ser realizados em doses mais baixas.
Diretrizes da OMS apontam os benefícios da atividade física no combate aos sintomas da depressão, mas não para outros aspectos da saúde mental, como ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático e psicose. O estudo defende a ampliação das terminologias no interior das diretrizes, para que as pessoas estejam cientes de todas as possibilidades de benefícios à saúde mental.
Texto: Davi dos Santos Pereira, jornalista da Agência de Notícias
Fotos: freeimages.com