A importância de vincular ações extensionistas com a grade curricular dos cursos de graduação da UFSM foi debatida no Seminário de Inserção da Extensão nos Currículos, que ocorreu nesta terça-feira (24), no Auditório Wilson Aita, do CT.
A partir de agosto de 2021, os cursos de graduação da UFSM precisarão assegurar, no mínimo, 10% do total dos créditos curriculares exigidos para a graduação em programas e projetos de extensão universitária (leia mais aqui). O seminário discutiu os impactos desta medida e quais as possíveis formas de implementação.
Na abertura, a pró-reitora de Graduação, Martha Adaime, afirmou que o trabalho vem sendo feito no sentido de atender às especificidades de cada um dos 130 cursos da Instituição. Para ela, dada sua relevância, a extensão deveria estar naturalmente permeada nas ações do dia a dia de cada um.
O pró-reitor de Extensão, Flavi Ferreira Lisbôa Filho, ressaltou a importância do seminário, que reuniu alunos, professores, diretores de centros e também representantes da comunidade externa. Ele salientou que é preciso avançar na caminhada, “buscando uma formação integral do estudante, indissociável da extensão e da pesquisa”.
Já o vice-reitor, Luciano Schuch, destacou o papel das instituições públicas brasileiras no trabalho junto às comunidades por meio das práticas extensionistas, que dão significado ao conteúdo de sala de aula. Para ele, o grande desafio é colocar o aluno em contato com a realidade profissional, mas também com as demandas do país, formando um profissional “com sólido conhecimento técnico, mas também com empatia”.
Após a abertura oficial, a mesa da manhã, “A extensão e seus caminhos para inserção nos currículos”, contou com a presença da pró-reitora de Extensão da UFRGS, Sandra de Deus, e do ex-pró-reitor de Extensão da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), Etevaldo da Silva.
Sandra, retomando a fala do vice-reitor, destacou o papel das universidades públicas na construção da sociedade, por meio da extensão, cuja essência é a transformação. “Fazemos ensino, pesquisa e extensão com extrema competência, mas precisamos formar um profissional com compromisso, que vai fazer diferença na sociedade”, comentou.
Egressa da UFSM e ex-presidente do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras (ForProEx), Sandra acentua a importância da discussão do papel da extensão, considerada um ato político, social e formativo. Para ela, inserir ações extensionistas nos currículos representa ampliar a possibilidade de formação cidadã.
Etevaldo, que também já teve atuação junto ao ForProEx, defende uma formação integrada, em que ensino, pesquisa e extensão estejam interligadas, promovendo uma formação cidadã, com interação dialógica, interdisciplinar e interprofissional, que resulte na emancipação tanto do estudante quanto da comunidade. Para ele, a tríade ensino, pesquisa e extensão ganha um elemento mais: a gestão, o planejamento – algo cada vez mais essencial, já que as ações extensionistas envolvem orçamento.
Encerrando a mesa, Flavi falou sobre a Política de Extensão da UFSM. Aprovada em 2019, a política tem como propósito “orientar e integrar as atividades extensionistas desenvolvidas na UFSM, de modo a colaborar para a construção de uma universidade de excelência e socialmente referenciada”.
Experiências da UFRJ e Ufpel foram apresentadas
A programação do seminário seguiu à tarde, com relatos de experiências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel). Ana Inês, assessora especial da Pró-Reitoria de Extensão, partilhou as dificuldades e soluções encontradas na UFRJ, onde a discussão sobre a inserção da extensão nos currículos da graduação iniciou em 2006, com a primeira resolução aprovada em 2013.
Ela relatou que, depois de vários formatos testados, optou-se pelo mais simples possível. Atualmente, o trabalho é de adequação às resoluções mais recentes. Segundo Ana Inês, 175 cursos da UFRJ já implementaram a curricularização, e já há turmas se formando com os novos currículos que contemplam a extensão.
Já na Ufpel o processo ainda é inicial, conforme relatou a coordenadora de Ensino e Currículo, Maira Ferreira. Foram emitidas orientações aos cursos, sendo que alguns já estão inserindo a extensão nos currículos. Apenas duas das 96 graduações da instituição já aprovaram seus projetos. “Estamos orientando, ouvindo as dificuldades, lidando com elas, tentando ajudar a pensar”, afirmou Maira.
Estágios e atividades complementares enquanto atividade extensionista foram alguns dos pontos abordados pelas palestrantes da tarde, além da dificuldade de inserção da extensão em determinados cursos, bem como nos cursos noturnos.
Na sequência, houve a apresentação da Resolução de Inserção da Extensão nos Currículos na UFSM, a cargo da pró-reitora de Graduação, Martha Adaime. “Procuramos ao máximo contemplar da melhor maneira todas as atividades que percebemos que havia nas diferentes áreas mapeadas na Política de Extensão”, afirmou, destacando a evolução do trabalho desde as primeiras discussões.
O seminário foi organizado em parceria pelas pró-reitorias de Extensão (PRE) e de Graduação (Prograd), com apoio das pró-reitorias de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPGP) e de Planejamento (Proplan).
Extensão requer uma organização séria e responsável
Segundo o pró-reitor de Extensão, o seminário é fundamental para a UFSM poder refletir sobre o seu trabalho junto à comunidade externa, além de cumprir seu compromisso social. De acordo com Flavi, a extensão requer uma organização bastante séria e responsável, para que possa ocorrer de maneira qualificada.
“Nós fizemos um trabalho bastante árduo em 2018, na Pró-Reitoria de Extensão, para poder definir com clareza, no âmbito da nossa Instituição, o que é a extensão universitária, como ela se qualifica. A partir dessas definições, sabendo o que é extensão e quais são as formas como ela ocorre, conseguimos pensar em como ela deve ser incluída dentro dos currículos”, afirma.
Na UFSM, caberá aos coordenadores de curso e Núcleos Docentes Estruturantes (NDEs) analisar e verificar como criar disciplinas extensionistas, para que, por exemplo, os alunos consigam ter, em seus currículos, as horas destinadas às ações de extensão. A carga horária não será aumentada em razão desse acréscimo.
Texto e fotos: Agência de Notícias