A audiência pública sobre os desafios e possibilidades regionais do campus da UFSM-PM ocorreu nesta segunda-feira (19) no Plenário da Câmara de Vereadores de Palmeira das Missões. O Plenário ficou lotado com a presença de estudantes e professores do município, acadêmicos, docentes, técnico-administrativos em educação e colaboradores do campus, representantes de instituições e toda a comunidade local e regional.
A audiência foi proposta pela Frente Parlamentar em defesa da UFSM, criada este ano pelos vereadores. O presidente da Frente Parlamentar, vereador Claudio Mineiro, ressaltou o quanto a Universidade Pública Federal significa para o município e a importância de abrir o diálogo com a comunidade. “Com a chegada da universidade em Palmeira das Missões, as famílias ganharam, a economia teve um outro perfil, as pessoas puderam sorrir mais porque foram transformadas socialmente e economicamente. Hoje, nos bairros da nossa cidade, a gente pode ver faixas levantadas, coloridas, parabenizando filhos de desempregados, filhos de pequenos agricultores, filhos de empregadas domésticas que há uma década ou pouco mais, não tinham acesso à educação gratuita e de qualidade e hoje têm. E é por isso e por tantas outras razões que a Frente Parlamentar está lutando juntamente com a comunidade”. Como encaminhamento da audiência, o presidente da Frente Parlamentar sugeriu a construção de uma carta à comunidade alertando sobre os riscos que a universidade corre.
Na ocasião, o reitor Paulo Burmann comentou sobre os cortes orçamentários que as Universidades vêm sofrendo e o impacto social nos municípios em que estão inseridas. “Infelizmente, essa é a realidade que nós estamos vivendo e não é de hoje. Desde 2014, os orçamentos da universidade vêm sendo enxugados ano a ano e, em 2019, parece que nós atingimos a fase mais aguda deste processo. Em janeiro foi anunciado um contingenciamento, um corte orçamentário na ordem de 32% em cima de uma Lei Orçamentária Anual que já havia sido contingenciada na sua aprovação em 2018. Então, a capacidade de absorção e de resiliência da universidade nesse processo se tornou quase que inadministrável. Os ajustes e mais ajustes foram feitos nas contas, nas despesas, nos processos administrativos da universidade e continuamos fazendo e cada vez que o fazemos isso significa mais gente desempregada, porque os cortes maiores acontecem exatamente com os prestadores de serviço, é menos vigilante, é menos limpeza, é menos portaria. Isso realmente vem causando, para além do problema da desestruturação da universidade, um problema social em todos os cantos que a universidade se insere”.
O reitor ressaltou, assim, a importância da mobilização da sociedade para que se possa sensibilizar o Governo Federal visando garantir a sobrevivência da universidade e as atividades de ensino, pesquisa e extensão. “Hoje, a nossa estratégia é de total sobrevivência. No meio desta discussão toda de bloqueio e desbloqueio, surge o Projeto Future-se. O projeto é um Projeto de Lei e a tramitação de um projeto de lei consome tempo, discussão, debate, negociações e a universidade não tem esse tempo, porque nós estamos tratando da sobrevivência para a semana que vem, os pagamentos das nossas despesas para final do mês de agosto, para primeira semana de setembro e assim por diante. Nós estamos tentando fazer com que o Ministério da Educação enxergue a necessidade de desbloqueio o mais rápido possível e o ministro sinalize com essa possibilidade”.
Burmann reiterou que a universidade está sempre à disposição para discutir estratégias para superar as crises e dificuldades. “Então, esta é a realidade, o sinal de que as coisas estão entrando em colapso e nós precisamos impedir que isso aconteça e isso só vai ser possível se nós tivermos unidos, fortes, coesos na defesa da Universidade Federal de Santa Maria em Palmeira das Missões, em Frederico Westphalen, em Santa Maria, em Cachoeira do Sul”, finalizou o reitor.
O diretor do campus, professor Rafael Lazzari, destacou que o objetivo do encontro foi fazer uma reflexão do que a sociedade quer para a região e para o país. “Com 13 anos de existência o campus já produziu muito, não só para nossa universidade, mas também para a nossa sociedade regional. Esse é um dos nossos grandes orgulhos, porque aqui em Palmeira das Missões nós temos servidores qualificados, alunos interessados, que já estão há tempos transformando não só o município de Palmeira, mas também a sociedade onde hoje eles estão se colocando em termos de trabalho”.
Além de destacar a oportunidade proporcionada à população de fazer um curso superior, o professor Rafael Lazzari lembrou dos diversos projetos desenvolvidos pela Instituição junto à comunidade local e regional. “A UFSM faz parte hoje de projetos na Educação Básica, pelo nosso curso de Biologia, de uma série de treinamentos e capacitações que são realizados em projetos dos nossos cursos da saúde, na área de Nutrição e Enfermagem. Temos projetos que envolvem o desenvolvimento socioeconômico da região, através dos cursos de Administração, Ciências Econômicas e do Mestrado em Agronegócios. Temos ainda projetos na área agropecuária, representados pelo curso de Zootecnia e ainda a oportunidade de capacitar professores e formar profissionais pelos nossos cursos de Educação a Distância, pelo Polo da Universidade Aberta do Brasil”.
Segundo o diretor, o campus teve, este ano, um corte de 40% do orçamento sendo este o maior corte orçamentário já realizado em 13 anos da existência da instituição no município. “Nesses momentos nós estamos sofrendo sérios cortes no que tange a Assistência Estudantil, no pagamento de fornecedores, e quando eu falo fornecedores eu estou falando aqui também das famílias palmeirenses, pois 100% dos nossos servidores terceirizados são famílias de Palmeira das Missões. A nossa folha de pagamento, hoje, gira em torno de 2 milhões mensais e esse é um valor que grande parte é investido, gira, no nosso município, na nossa região”.
Para finalizar, Rafael Lazzari salientou que a instituição possui na região as mais diversas possibilidades na área da saúde, agronegócio e serviços, mas precisa do apoio da população. “Nós temos muitas possibilidades. Só que aliada à possibilidade nós temos a vontade, mas sem recursos humanos, sem recursos financeiros, fica apenas no desafio. E essa é minha mensagem final, o desafio de nos mobilizarmos, de nós nos entendermos como percepção de país e pensar a nossa região junto com a universidade, com os governos e com a comunidade”.
Após o pronunciamento dos membros da mesa, foi aberto espaço para a manifestação do público. Os participantes que fizeram o uso da palavra ressaltaram a chance que o município teve, através da UFSM, em dar uma oportunidade de vida para as pessoas que se formaram e atualmente trabalham na cidade. Também foi ressaltada a parceria da universidade com as escolas públicas do município e região.
Por fim, o Reitor Paulo Afonso Burmann lembrou da importância da educação e da necessidade de se somar esforços neste momento. “Precisamos pensar no futuro do nosso país, das nossas gerações, da humanidade e tudo isso passa pela educação”, concluiu.
Desde a sua criação a UFSM-PM, já formou aproximadamente 1.300 profissionais e atualmente possui cerca de 1200 alunos matriculados. Trabalham hoje na UFSM-PM 132 servidores, sendo 95 docentes e 37 técnico-administrativos em educação, além de 35 terceirizados.
Texto e foto: Assessoria de Comunicação UFSM-PM