No último dia 11, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Pessoal e Superior (Capes) aprovou o projeto “Brafisat: Cooperação Brasil-França na Formação de Engenheiros na Exploração de Micro e Nanossatélite”. A proposta envolve o intercâmbio de alunos dos cursos de graduação em Engenharia entre o Brasil e a França, com o intuito de qualificar os estudantes em áreas estratégicas da exploração aeroespacial, além da produção de satélites.
A aprovação do Brafisat pela Capes reforça o processo de internacionalização da UFSM. A estratégia prevista no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) tem como objetivo, cada vez
mais, inserir as produções científicas dos estudantes no cenário internacional, proporcionando assim o contato entre diferentes culturas, trocas de conhecimento e experiências curriculares abrangentes.
Entre as oito universidades que participam do projeto estão, do lado brasileiro, além da UFSM, responsável pela coordenação geral das atividades desenvolvidas em território nacional, a Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Em relação à participação francesa, são cinco universidades envolvidas no intercâmbio e na formação dos estudantes: Université Grenoble Alpes, Université de Montpellier, Institut Polytechnique de Grenoble, École Nationale Supérieure des Mines de Saint-Étienne e o Institut Polytechnique de Bordeaux.
De acordo com o professor e coordenador do projeto em território brasileiro, João Baptista Martins, a aprovação do Brafisat representa uma conquista inédita para cursos de Engenharia da UFSM, à medida que contempla os alunos da graduação. Dessa maneira, os estudantes de Engenharia Eletrônica, Engenharia da Computação, Engenharia de Telecomunicações e Engenharia Aeroespacial, cursos da Universidade que participam do projeto, terão a oportunidade de aprofundar e aplicar os conhecimentos ainda no início da formação profissional.
Conforme o professor, o estudo dos satélites e a produção desses equipamentos em escala micro ou nano, embora represente um processo mais rápido e barato se comparado aos grandes satélites que são construídos, é uma linha ainda muito recente no Brasil. Assim, a ideia foi reunir as instituições brasileiras que estudam e manipulam esse tipo de equipamento, como o ITA, capacitado no lançamento de satélites, e a UFC, que desenvolve estudos acerca da computação de bordo.
Já a UFSM, além de possuir conhecimento e prática em lançamento dos satélites, produz atividades especializadas no desenvolvimento, fabricação e testagem de circuitos integrados através da Santa Maria Design House (SMDH).
Entre as atividades previstas durante o intercâmbio dos estudantes estão, além da troca de conhecimento cultural e linguístico, a participação em aulas relacionadas à área aeroespacial, bem como o acompanhamento de um tutor, tanto para os alunos brasileiros que viajarão à França quanto para os franceses que vierem ao Brasil.
Outra oportunidade será a possibilidade de o estudante realizar estágio em grandes empresas europeias. João Baptista explica que empresas francesas como a Airbus, líder no desenvolvimento de programas espaciais e líder mundial na produção de helicópteros para uso civil, bem como o Grupo Thales, responsável por comercializar sistemas de informação e serviços para indústrias aeroespaciais, já demonstraram interesse em receber os estudantes brasileiros.
Além disso, outra proposta do projeto é fornecer ao aluno uma dupla diplomação. Dessa maneira, o graduando terá o diploma com título brasileiro e francês.
O projeto terá início no primeiro semestre de 2019, com duração de quatro anos. O estudante interessado em participar do intercâmbio precisará se inscrever em edital, previsto para março do próximo ano, através do qual será feita a seleção dos candidatos. Serão 36 intercambistas brasileiros, 12 selecionados em cada instituição participante, que precisarão ter domínio básico da língua francesa. O aluno receberá uma bolsa federal a fim de custear a passagem aérea, estadia e seguro saúde na Europa.
Cada estudante selecionado terá a oportunidade de passar um período que vai de quatro meses a um ano na França, desenvolvendo as práticas e os conhecimentos adquiridos nas instituições estrangeiras participantes do projeto.
Texto: Bárbara Marmor, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti