O Núcleo de Ações Afirmativas Sociais, Étnico-Raciais e Indígenas da Coordenadoria de Ações Educacionais da UFSM (CAED) ofereceu, neste ano, os Cursos Básicos das Línguas Guarani e Kaingang. As aulas tiveram início em outubro e seguem até o dia 17 de dezembro.
O objetivo é interagir com a cultura, além de desenvolver aspectos da oralidade e da escrita dos idiomas. Segundo a CAED, a previsão é que os cursos sejam ofertados em 2019, com outros níveis de aprendizado.
Conforme dados do Portal Kaingang, uma das línguas com maior número de falantes no Brasil é o kaingang. O povo dessa etnia está espalhado em dezenas de áreas nos três estados do Sul do Brasil e do interior de São Paulo, totalizando mais de 25 mil pessoas.
As aulas de kaingang são voltadas para indígenas que pertencem à etnia, mas também há alunos dos povos xacriabá e terena. Para o professor Natanael Claudino, ensinar o kaingang na UFSM é uma oportunidade de reafirmar a cultura e seus aspectos linguísticos. “A experiência está sendo bem gratificante. A metodologia que eu estou usando é a alfabetização. Não é porque eu sei falar o kaingang que eu sei escrever. E essa é a maior dificuldade dos alunos. Eles perderam totalmente a noção da fala, entendem quando eu converso em kaingang, mas ainda me respondem em português”, explica o professor.
O acadêmico Daniel Fernando Sales, do curso de Medicina, teve interesse em frequentar as aulas para reaprender o kaingang. “O básico eu já sabia, mas perdi com o passar do tempo. O curso é muito bom. Eu já tenho noção de fala, mas faltava um estímulo para aprender a escrever. É um aprendizado que nunca se esgota, uma língua muito interessante”, enfatiza.
O curso de Guarani, diferentemente do de kaingang, foi aberto para toda a comunidade acadêmica. Para o professor Jonata Benites, o espaço oferecido pela UFSM é uma forma da cultura guarani estar mais presente no universo acadêmico. “É importante, para a nação guarani, a UFSM dar esse espaço. Por mais que vivemos em um mundo diferente, nós temos os mesmos objetivos, que é alcançar a formação”, ressalta.
O técnico em administração José Máximo Noya, do Centro de Ciências Rurais (CCR), elogia o curso de guarani e afirma que pretende continuar os estudos da língua. “O professor tem uma ótima didática. Ele consegue transmitir muito bem o conhecimento. A dificuldade maior é com as pronúncias. Mas estamos aprendendo”, comenta.
Texto e fotos: Luana Giazzon, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Maurício Dias