As questões de gênero foram pauta de uma roda de conversa realizada na tarde desta terça-feira (23), na sala 4226 do Prédio 74C, no campus sede da UFSM. A discussão, que integra a programação da 33ª Jornada Acadêmica Integrada (JAI), foi mediada pela Pró-Reitoria de Extensão e contou com a presença de pró-reitores, representantes das unidades de ensino da Universidade, técnicos-administrativos, docentes e acadêmicos.
A conversa foi voltada à discussão do texto da Política de Gênero da Universidade, que se deu a partir da criação de uma Comissão Institucional de Política de Igualdade de Gênero, no ano passado, em decorrência do aumento nos índices de casos de assédio no país. Baseado nisso, uma portaria de setembro de 2017 estabeleceu a necessidade de um espaço institucional para ampliar o debate acerca dessas questões.
A construção dessa política inclui eixos como prevenção, assistência, combate, acesso e garantia de direitos. Segundo a comissão, o processo de elaboração tem sido feito de forma autônoma, pois nenhuma outra instituição do país possui uma política de gênero consolidada que pudesse servir de base.
Desde o ano passado, a comissão tem levado o projeto para análise dos centros de ensino e coletivos, como forma de agregar mais demandas que eventualmente surgirem. A ideia da comissão é a criação da Casa Frida Kahlo, um espaço destinado para o acolhimento das pessoas e mediação dos conflitos.
Durante a apresentação do texto, houve espaços para sugestões e discussões com base no que estava previsto. Entre os tópicos debatidos pelos presentes, o papel da Ouvidoria da UFSM no registro dos casos; a criação de um comitê de igualdade de gênero vinculado ao Gabinete do Reitor e aos colegiados dos cursos; e medidas institucionais cabíveis na mediação dos conflitos existentes, no acolhimento das pessoas que sofrerem o assédio e na penalidade do agressor.
A discussão sobre gênero é cada vez mais relevante, principalmente no âmbito acadêmico, devido ao crescimento da violência sexual nas universidades brasileiras e à falta de políticas específicas voltadas a essa questão. Um dos poucos dados disponíveis revela que cerca de 70% das mulheres já sofreram algum tipo de assédio em universidades brasileiras, conforme o Instituto Avon, em pesquisa feita em 2015.
A Pró-Reitoria de Extensão da UFSM tem como base de sua atuação a pluralidade, respeito, transparência, sustentabilidade, equidade e justiça, e esta é a primeira grande discussão sobre Política de Gênero realizada no campus sede, visando ao fortalecimento da paridade de gênero.
Texto: Pablo Iglesias, acadêmico de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias
Foto: Maria Luísa Viana, acadêmica de Jornalismo, estagiária da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti