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UFSM forma comissão para discutir política de igualdade de gênero



Reuniões ocorrem às sextas-feiras, na PRE

Era maio de 2016 quando um estupro
coletivo ocorrido no Rio de Janeiro chocou o país. Uma adolescente de 16 anos
teria sido violentada por 33 homens, que filmaram o crime e divulgaram o vídeo
nas redes sociais. O caso repercutiu fortemente e, para além de sua crueldade,
refletiu outra lacuna existente em nossa sociedade: a culpabilização da vítima.
Foram várias especulações acerca do passado da adolescente, tudo em busca de
uma resposta que justificasse a atitude dos homens. Mas estupros jamais podem
ser justificados.

Aqui na UFSM o acontecimento também
impactou os gestores. O caso havia ocorrido no Rio de Janeiro e sem
possibilidade de intervenção, entretanto, internamente muitas mudanças poderiam
existir. O reitor Paulo Afonso Burmann considerou necessário um combate maior
aos casos de assédio e violência contra mulheres na Universidade. Teve início a
formação de uma Comissão Institucional de Política de Igualdade de Gênero na
UFSM.

Inicialmente um pequeno grupo de
mulheres foi chamado. A maioria eram professoras que possuíam linhas de
pesquisa voltadas às mulheres. Foram feitas reuniões, encontros para debate e
rodas de conversa com coletivos para levantar suas demandas. “Chegamos à
conclusão de que só ações pontuais não eram o que a gente queria, como no dia
da mulher ou no dia de combate à violência contra a mulher. A gente queria
fazer política institucional. Que a Universidade se responsabilizasse, que,
saindo essa gestão e entrando outra, essa política continuasse”, destacou a
professora Maria Celeste Landerdahl.

A portaria entregue em 22 de Setembro de 2017
designa 11 pessoas, mas não se restringe
às mulheres. “Hoje ela não é só uma comissão para instituir uma política para
as mulheres, mas para todas as questões que envolvem gênero”, explicou a técnica-administrativa
Jaciele Sell. Assim, participam
docentes, técnico-administrativas(os) e estudantes.

Fazer política de igualdade de
gênero é um processo delicado e extremamente importante, principalmente com a
naturalização do assédio e violência contra mulheres e LGBT+. Em 2015, uma
pesquisa feita pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular revelou que
quase 70% das mulheres já sofreram algum tipo de violência dentro das
universidades.

A construção dessa política inclui
eixos como prevenção, assistência, combate, acesso e garantia de direitos. O
processo tem sido feito de forma totalmente autônoma, já que nenhuma outra
instituição do país possui uma política de gênero consolidada que possa servir
de base. Após essa elaboração e discussão, a comissão pretende levar o projeto
para análise dos centros de ensino e coletivos, para agregar mais demandas que
possam ter surgido. Por fim, a política será levada às esferas institucionais
para sua formalização e implantação.

Os encontros de discussão da política são
realizados às sextas-feiras, às 14h, na sala de reuniões da Pró-Reitoria
de Extensão, no prédio da Reitoria. Todas as pessoas que quiserem se somar a essa construção e busca
por igualdade dentro da instituição serão bem recebidas. 

Texto e foto: Melissa Konzen, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: João Ricardo Gazzaneo

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