A premiação
conquistada por acadêmicos da UFSM com o projeto
Lunix revela um trabalho em conjunto que vem sendo
desenvolvido na Universidade. A implementação da disciplina optativa “Atitude
Empreendedora” vem possibilitando a execução de vários projetos pelos alunos
por meio da liberdade no desenvolvimento de novas ações. Em dois anos, já são
30 cursos beneficiados com a disciplina e alguns projetos desenvolvidos.
Logo após a
criação da Agittec, há dois anos, houve a necessidade de aprimorar o perfil de
formação dos alunos. Dessa forma, um pedido da administração central da UFSM
foi encaminhado à Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) para que o
empreendedorismo fosse inserido nos cursos de graduação. Na busca por um
servidor que pudesse estar à frente deste trabalho, foi escolhido o professor
Ítalo Minello, do curso de administração, que elaborou um projeto para abranger
toda a universidade.
A proposta ganhou
amplo apoio da Prograd, em especial da professora Martha Adaime, pró-reitora de
Graduação, que deu o aval positivo para que fosse implementada. “O projeto era
muito mais do que fazer uma disciplina por professores de administração. O
projeto era se inserir nas diversas áreas da universidade, buscar parceiros nas
diferentes áreas e construir as disciplinas juntamente com os parceiros”,
relata.
Para que as
disciplinas fossem construídas, o professor Ítalo, junto ao seu grupo de
pesquisa, realizou um levantamento de informações entre alunos da graduação, a
fim de descobrir os professores que realizam um trabalho diferenciado na visão
dos estudantes. Junto a esse banco de dados, o professor reuniu os projetos registrados
pelos docentes, além das disciplinas por eles já ministradas.
Na visão da
professora Martha, que acompanhou o andamento de perto, o projeto cresceu de
forma exponencial em pouco tempo. “Onde ele (Ítalo) prospectava pessoal e ia
até o local, a ideia imediatamente era absorvida. As pessoas sentiam falta de
fazer algo assim e precisavam de um apoio da administração para isso” comenta.
Em pouco mais de um ano, a Prograd já havia cadastrado quase 40 disciplinas
curriculares de graduação (DCG) em diferentes áreas.
A prática desenvolvida nas salas de aulas
Reunido com
aqueles que tiveram interesse em somar ao projeto, o professor ítalo montou uma
capacitação docente com duração de 16 horas. Ao final do treinamento, as disciplinas
foram criadas. “Uma disciplina é diferente da outra, porque é direcionada para a
área e quem determina a direção da disciplina é o aluno. O professor dá a
orientação para esse aluno”, comenta o professor Ítalo.
O projeto tem o
objetivo de fomentar nos alunos a atitude empreendedora, para que eles possam
inovar das formas mais diversas. As disciplinas são geralmente ministradas por
professores de diferentes áreas a fim de desenvolver e ampliar o “olhar
empreendedor”. O professor Hélio Hey, que coordenou o projeto premiado, destaca
a importância da disciplina em estimular a mudança de pensamento nos alunos.
“Eu acredito que a atitude empreendedora não é simplesmente empreender
economicamente, mas empreender na vida, buscar sentido, razão, buscar o
objetivo da sua existência e o que se está fazendo para colaborar com um mundo
melhor. É uma disciplina que tem tudo a ver para trazer esse questionamento”,
destaca.
Nas aulas, os
professores oportunizam aos alunos o contato com profissionais de diversas
áreas, conforme comenta o estudante de engenharia de controle e automação Jader Stefanello. “Essa disciplina é fundamental, pois é uma das únicas que te
faz pensar “fora da caixa”, que instiga a pensar além e querer mais, já que o
empreendedorismo não é uma profissão e sim uma forma de pensar”, salienta.
As informações
levantadas ainda não contemplam todas as áreas, afinal são 118 cursos de
graduação presenciais. Neste projeto, os campi
de Frederico Westphalen e Palmeira das Missões já receberam visitas do
professor. Além disso, através do projeto, são apurados a intensidade das
características empreendedoras de cada aluno participante.
Fora dos “muros” da universidade
O trabalho
desenvolvido pelo projeto transcende a universidade e contempla escolas da
cidade. Um dos exemplos é o “Desafiando Limites”, evento que está na segunda
edição e ocorre no dia 7 de dezembro. O evento será realizado com escolas do
ensino básico e contará com diversas atividades no campus.
Apesar do projeto
já englobar metade da Universidade, e escolas além dela, o professor Ítalo
comenta que é só o início de uma caminhada sem fim. “É a Prograd fazendo
diferente na pessoa que vai entrar na universidade. É o jovem que vai prestar o
Enem, o vestibular. Acho que isso vai fazer muita diferença amanhã nos alunos
aqui dentro”, avalia.
Resultado de projetos
Através da
disciplina, os alunos tiveram a possibilidade de colocar em práticas as suas
ideias. Dentre elas estão O clube
de Pôquer da Estatística – UFSM, criado pelo
professor Denis Altieri, em conjunto com os alunos, no qual promoveram um
campeonato de pôquer para aplicar os conhecimentos estatísticos no torneio; e o
projeto Lunix, que economiza 40% de iluminação pública e privada.
Em fevereiro deste
ano, foi publicado o livro ”Educação empreendedora: características e atitudes”
pelos professores Cristiane Krüger e Ítalo Minello. Além disso, o professor
Ítalo já participou de palestras e eventos, nos quais compartilhou as práticas
já experienciados. “Na minha visão, o que tava faltando era somente essa
semente, porque o terreno é muito fértil. Ele é tão fértil que a gente teve
vários resultados e está aí com DCGs para serem criadas a qualquer momento”,
relata a professora Martha.
Para a realização
do projeto, o professor frisa o apoio recebido dos servidores da Prograd, do
grupo de pesquisa e dos docentes que ministram a disciplina.“Não tem dinheiro
no mundo que pague a satisfação. Talvez eu tenha sido o mais beneficiado de
todos com esse projeto, porque não foi uma coisa simples, fácil, mas, ao mesmo
tempo, foi um conjunto de várias pessoas que proporcionaram com que o aluno
pensasse diferente e criasse uma coisa para si”, comenta Ítalo que destaca que
o papel dos professores é transformar, não só o aluno, mas a eles próprios.
Texto: Gabrielle
Ineu Coradini, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: João Ricardo Gazzaneo