O National Institute of Standards and Technology (NIST) é o instituto
norte-americano responsável pelo desenvolvimento de métodos e materiais de referência
para análise de parâmetros, como comprimento e massa, de variados tipos de
materiais, tendo como equivalente no Brasil o INMentro. Dentre os materiais
desenvolvidos para padronização das análises, encontram-se os materiais de
referência (MRC), que contribuem para o aumento da confiança dos resultados das
medições.Os MRC podem ser usados para calibrar instrumentos, atribuir valor às
propriedades físicas/químicas de materiais, validar métodos de medição e
garantir a qualidade de processos, fundamentais para assegurar a confiabilidade
metrológica.
Dentro
desse contexto, o NIST, maior produtor mundial de materiais de referência propôs,
recentemente, o estabelecimento de um MRC para determinação de enxofre em
carvão (Standard Reference Material 2682c
SubbituminousCoal). Esse é um material de difícil avaliação e a solução
encontrada pelo grupo de pesquisadores foi utilizar a Combustão Iniciada por
Micro-ondas (MIC, do inglês Microwave-Induced
Combustion), um sistema pioneiro e totalmente desenvolvido no Departamento
de Química da UFSM. Este sistema foi desenvolvido em 2003 como parte da
dissertação de mestrado de Juliano Barin, atualmente professor do Departamento de
Tecnologia e Ciência dos Alimentos. O trabalho teve a orientação do professor
Érico Flores. Em
técnica foi patenteada em conjunto com a empresa austríaca Anton Paar, que
comercializa mundialmente até hoje o equipamento para esse propósito.
O NIST
publicou, em maio de 2016, em um dos mais respeitados periódicos da área de
química (Analytical Chemistry, volume
88, p. 4635–4643) o trabalho desenvolvido com a MIC, mencionando contribuição
pioneira dos pesquisadores da UFSM. De acordo com os resultados obtidos, os
autores concluíram que há um potencial muito grande de utilização deste sistema
para o estabelecimento de outros MRC, como de óleos combustíveis e derivados de
petróleo. De acordo com o professor Barin, “essa publicação é um reconhecimento
da qualidade da pesquisa desenvolvida na UFSM, que vem desenvolvendo tecnologias
inovadoras de abrangência mundial”.
Cabe
ressaltar que quatro capítulos de livros nacionais e internacionais já foram
escritos pelos pesquisadores da UFSM sobre a MIC, além de mais de 30
publicações em periódicos internacionais de alto impacto nos últimos anos,
ressaltando sua importância e ampla aceitação no meio acadêmico e em laboratórios
de rotina.
Além dos professores Érico e Juliano, o
desenvolvimento da MIC contou com a importante contribuição de diversos
professores do departamento de química, como José Neri G. Paniz, Edson I.
Muller, Fábio A, Duarte, Cezar A. Bizzi, Paola A. Mello e Rochele S. Picolotto,
além de vários alunos dos Programas de Pós-Graduação em Química e Ciência e
Tecnologia de Alimentos. Também colaboraram para o desenvolvimento do trabalho
os pesquisadores do Grupo 3i.