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Invisibilidade indígena é tema do II Seminário Internacional de Educação Indígena da UFSM



 

A invisibilidade indígena foi um dos assuntos discutidos no II Seminário Internacional de Educação Indígena – Superando a invisibilidade. As palestras sobre o tema iniciaram na terça (15) e estão dentro da programação da 28° Jornada Acadêmica Integrada da UFSM (JAI). Ontem (17), no auditório do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH), o fórum contou com a presença do antropólogo prof. José Otávio Catafesto de Souza da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); do historiador e diretor do Museo Histórico “Casa de Rivera” do Uruguai, prof. Oscar Padron Favre; além da presença da liderança Kaingang, Augusto Silva.

O líder indígena, Augusto Silva, que abriu a discussão sobre o tema, falou sobre as dificuldades que os índios enfrentam para ter seus direitos atendidos pelo governo e da forma crítica e preconceituosa que são vistos pela sociedade. Deixou claro que a cultura e a organização social indígena são diferentes da dos brancos e que isso nunca foi respeitado pelo governo. “O governo quis que os índios entrassem no sistema capitalista, mas nossa cultura é outra”, afirma ele. Augusto falou da reivindicação indígena pelo direito à demarcação de terras e por políticas públicas diferenciadas na saúde.

Ele também destacou a deficiência das universidades em relação à visibilidade indígena, a história nunca estará certa enquanto o índio não for visto, “Não foi Cabral que descobriu o Brasil, nós já estávamos aqui”, argumenta. Contou ter dois filhos dentro da universidade, porém sempre os orienta a manter um “pé” na cultura para se orgulhar dela e cultivá-la. Segundo o líder indígena, a universidade ainda não aprendeu a trabalhar as diferenças, tanto do índio, quanto de deficientes físicos, por exemplo, e isso é invisibilidade. Afirma que está na hora de os “pequenos”, índios, pequenos agricultores, classes mais desfavorecidas, darem as mãos para lutar contra esse sistema e fazer com que o governo os enxergue. “Nós índios temos o sonho de ver um mundo melhor, sem discriminação, sem preconceito, sem exclusão, e isso é muito forte contra nós”, conclui.

O prof. Oscar Padron Favre veio ao Seminário destacar a dificuldade do Uruguai em assumir a existência ou descendência do índio no país.  A descendência indígena foi camuflada durante muitos anos, através do processo da civilização européia, a “europeização” dos países da América, a necessidade de construir uma américa totalmente branca pela “barbárie” dos colonizadores.

Para acrescentar a discussão, o prof. Oscar apresentou uma série de livros falando sobre as revoluções e a história do Uruguai e da América em relação aos diferentes povos étnicos. Ainda brincou, que não era vendedor de livros, mas trazia uma pequena orientação bibliográfica para quem se interessava pelo tema.

Oscar deixou claro que a invisibilidade do índio no Uruguai era muito maior que a invisibilidade do pobre e que do ponto de vista político não havia interesse de mostrar a existência do povo indígena. Mesmo os índios tendo marcado o exército uruguaio com figuras relevantes, um país civilizado não poderia mostrar que seus soldados eram indígenas ou descendentes. “O Uruguai, como toda a América é composto por uma grande diversidade étnica, inclusive os indígenas”, afirma.

Para encerrar o debate sobre a invisibilidade do índio, o antropólogo dr. José Otávio Catafesto de Souza destacou a vasta diferença da distribuição de terras indígenas no Brasil. Segundo ele, falar do índio no Norte e falar do índio no Sul são realidades completamente diferentes. Onde um, o norte, encontra-se muito mais povoado pelos indígenas do que o outro, o sul. Trouxe, também, a questão da construção das cidades em cima de áreas indígenas. Hoje um terço da população indígena está em área urbana justamente pela perda de território.

José Otávio afirma que a questão indígena no Brasil se concentra na negação da sociedade e na dificuldade de as pessoas assumirem a descendência indígena. “As pessoas ao negarem o índio estão negando o que tem de índio. Isso é lidar com um trauma familiar”, conclui.

Fotos: Luciele Oliveira – Acadêmica de Jornalismo.

Repórter: Franciele Varaschini – Acadêmica de Jornalismo.

Edição: Lucas Durr Missau. 

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