Neste dia 14 de maio, o Centro de Educação Física e Desportos da UFSM, o Cefd, completa 43 anos. A criação do centro remete ao ano de 1969, quando foram assinados os primeiros papéis para sua implantação. Oficialmente, no entanto, o início se deu um ano depois, em 1970. Na ocasião, os estudantes dos dois cursos de Educação Física da universidade – bacharelado e licenciatura – tinham aulas em prédios espalhados pelo campus, já que a construção do prédio onde hoje funciona o Cefd ainda não estava concluída, fato que se deu durante aquele mesmo ano.
A criação do Centro, de acordo com o atual diretor Marco Aurélio Acosta, coincide com um período histórico do país. Em função da ditadura militar vigente na época, o modelo universitário adotado aqui remete ao norte-americano, caracterizado por “departamentalizar” o ensino. A reforma universitária de 1968, feita no Brasil, com forte influência dos Estados Unidos, contribuiu para essa visão. Outra ideia importada da América do Norte refere-se ao conceito que se tinha na época, de criar equipes universitárias fortes – uma tradição que se mantém até hoje nos Estados Unidos. A estrutura física, com campos e quadras, deve-se a isso.
Na história da Educação Física, havia a identificação e a associação direta ao esporte. O professor Acosta afirma que, na época, não era tão fácil desfazer essa associação, embora hoje ela pareça mais natural, com diversas modalidades englobadas na educação física, como jogos, danças, entre outros.
Em contrapartida, com o processo de redemocratização do Brasil e principalmente depois da Campanha das Diretas, criou-se no país um clima de questionamento. E na área acadêmica não foi diferente, e a Educação Física também passou por esse processo. Através de diversos autores, livros, pesquisas, estudos e congressos, começou o pensamento de que educação física não dizia respeito apenas a esporte. Surgem, então, os primeiros trabalhos com o que Acosta chama de “a base da pirâmide”.
O topo da pirâmide, de acordo com ele, são os potenciais atletas, que representariam apenas 1% dos envolvidos. No restante da pirâmide, estariam as outras pessoas, que não possuem o hábito da prática esportiva. Em 1983, surge, dentro do CEFD, o Núcleo Integrado e Apoio à Terceira Idade (NIEATI). Dez anos depois, começam os trabalhos em projetos que envolvem deficientes físicos. Assim, o Centro de Educação Física e Desportos, conhecido tradicionalmente pela sua excelência, passou a atender também a comunidade que normalmente não recebia atenção da área:
– Assim se cria um centro para todos – destaca Acosta.
Os cursos de Educação Física, na década de 80, foram referência para o país. O segundo mestrado no país foi o da UFSM, aberto em 1979. O primeiro só havia começado dois anos antes, na USP, em Sâo Paulo. E o primeiro doutorado de toda a instituição também nasceu no CEFD, e data do ano de 1984. No período que se seguiu, o curso chegou a ter a melhor pós-graduação do país e a segunda melhor graduação. O período da década de 1980 também marcou pela revista Kinesis, feita na UFSM e que surgiu em 1984. Durante a sua existência, foi referência em publicações do gênero. Coincidindo com um período de problemas do centro, na década de 2000, a revista fechou, assim como os cursos de pós-graduação, que se encerraram no ano de 2002.
Esses problemas, no entanto, já foram superados. A revista voltou a circular no ano passado, assim como o mestrado, que reabriu também em 2012. Outro marco recente foi a criação do curso de Dança, em parceria com o Centro de Artes e Letras (CAL). No CEFD, está o curso de licenciatura, enquanto o CAL tem o bacharelado. Algumas disciplinas teóricas coincidem, enquanto as práticas variam de um para outro. O momento do surgimento do curso, de acordo com Acosta, acompanha a lógica de abertura de concursos para profissionais, que muitas vezes são formados em academias ou escolas de dança, mas não possuem titulação superior:
– É um mercado de trabalho muito promissor – analisa.
Nos momentos mais marcantes da história do Centro, de acordo com a opinião do professor Acosta, incluem-se a implantação do mestrado e do doutorado, mas também há espaço para o esporte. Na década de 1980, o time de handebol masculino da UFSM, então comandado pelo técnico Celso Giacomini, foi campeão sul-americano de handebol, dando ainda mais visibilidade a um centro que já possuía tradição e reconhecimento. Mas o mais importante, de acordo com ele, é o fato do CEFD ser reconhecido por ter formado profissionais que hoje estão espalhados em todo país.
As comemorações pelo aniversário de 43 anos do Centro iniciaram no dia 13 de maio, com show da banda Old Bikers, no Teatro 13 de Maio. Nesta terça-feira (14), data de aniversário do Centro, aconteceu uma recepção aos alunos no prédio do CEFD. As festividades se encerram no dia 16 de maio, com um jantar no Restaurante MAAB, para a comunidade acadêmica e convidados.
Foto: Ítalo Padilha.
Repórter: Nicholas Lyra – Acadêmico de Jornalismo.
Edição: Lucas Durr Missau.