O final dos anos 80 era uma época de ascendência de movimentos estudantis, isso devido à nova constituição nacional de 1988 que constituiu o direito de greve e de sindicalização de profissões.
Na Constituição Federal de 1988, o artigo 9º ressalta: “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”. Sob esse direito, os trabalhadores puderam reivindicar prerrogativas e condições apropriadas – exemplo com os docentes de Santa Maria.
Nessa época, os docentes eram representados por associações docentes. A Associação dos Professores Universitários de Santa Maria (APUSM) era a representação docente vigente na cidade encarregada dos assuntos dos professores. Com a nova constituição, estas associações se transformaram em sindicatos docentes, porém a APUSM não quis se aliar à Associação Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, a ANDES.
Isto levou a uma divisão do movimento sindical docente santa-mariense, resultando na Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria, a SEDUFSM. Uma assembleia geral em 7 de novembro de 1989 foi presidida pelo professor Clovis Renan Jacques Guterres e uma comissão provisória. A assembleia foi orientada pelo professor Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, suplente do vice-presidente da Regional Sul do ANDES-SN.
Em 8 de janeiro de 1990, uma solicitação de espaço físico feita ao professor e reitor Tabajara Gaúcho da Costa foi atendida – a SEDUFSM se instalou provisoriamente no oitavo andar da Antiga Reitoria. Quatro anos depois, em 1994, a SEDUFSM inaugurou a sede própria, localizada na rua André Marques.
A SEDUFSM já participou em muitas greves desde a sua criação, como exemplo os anos de 1989, 1991, 1993, 1994, 1995, 1996, 1998, 2000, 2001, 2003, 2005 e a recente greve de 2012, considerada como a de maior duração da história: mais de 120 dias. A greve de 1991 foi um grande marco para o desenvolvimento do sindicato em Santa Maria: a mobilização durou 107 dias, o sindicato conseguiu aumentar a folha salarial da UFSM.
O professor e atual presidente da SEDUFSM, Rondon de Castro, comenta: “Ser sindicato é uma condição sine qua non para a defesa da nossa categoria. Logo que eu entrei aqui [no quadro de servidores da UFSM], eu vinha de outras universidades em que os problemas da precariedade da carreira docente já estavam sendo sentidos. Eu vinha com uma herança de militância em outros sindicatos, inclusive o sindicato de jornalistas de São Paulo em que eu fui diretor. Eu vim para cá e fui procurar minha representação sindical”.
O professor e presidente da gestão do biênio de 1994-1996, Ricardo Rondinel, comenta em seu artigo publicado no Diário de Santa Maria em homenagem aos 20 anos da SEDUFSM, em 28 de outubro de 2009:
“Nessa longa caminhada, a organização sindical cresceu e houve uma renovação constante nas dez primeiras diretorias que se sucederam. Santa Maria foi a primeira seção sindical criada dentro do Sindicato Nacional dos Docentes Instituições de Ensino Superior, ANDES-SN. A Associação de Docentes, ANDES, transformou-se em Sindicato em 1988. Nos anos 1990 e 2000, estivemos presentes nas lutas pela democratização do país, pela aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na defesa de Autonomia Universitária, na luta por um plano de carreira para os docentes e na defesa de condições dignas de trabalho para os professores”.
Repórter:
Leonardo Pereira Cortes – Acadêmico de Jornalismo.
Edição:
Lucas Durr Missau.