Foi no ano de 1986 com a iniciativa da professora Alzira Severo, do Departamento de Música da Universidade Federal de Santa Maria, junto ao professor Milton Masciadri e o técnico do departamento José Francisco Goulart, que a ideia de um festival de música em Vale Vêneto surgiu. Com o apoio da comunidade e a liderança do Padre Marcuzzo, esse evento tão tradicional em pequenas regiões europeias, começou a tomar forma. Iniciou-se uma busca pelas origens italianas de Vale Vêneto e da Quarta Colônia com um enfoque especial na música de concerto para trazê-la mais próxima do povo e proporcionar este acesso às pessoas da região. Assim, criou-se também a Semana Cultural Italiana.
De acordo com o professor Guilherme Garbosa, em conversa com a prof. Alzira, ela afirmou que o modelo principal do Festival de Inverno era o evento que acontecia no mês de julho, em Campos do Jordão, São Paulo. Os estudantes que participavam se deslocavam para a cidade grande a fim de realizar processos de seleção. A criação do Festival de Inverno no sul do país seria uma oportunidade para que esse deslocamento para o centro não fosse necessário.
A professora do Departamento de Música da UFSM, Vera Vianna, participou da comissão organizadora do Festival de Inverno de 1993 a 1997. Depois de se afastar por algum tempo, voltou a ser parte do grupo em 2011, além de ter participado anteriormente como aluna. Vera lembra entre os momentos marcantes nos primeiros festivais em que participou da coordenação da presença de seu antigo professor de piano Edward Eikner. Americano, o pianista praticava jogging todas as manhãs, corria pelas pequenas estradas de Vale Vêneto, e assim foi sendo reconhecido por alguns dos moradores. Esse entrosamento com a comunidade sempre foi um aspecto especial. A professora cita também os concertos nos finais das tardes: quando a comunidade chegava; eram pessoas simples, que provavelmente trabalhavam durante o dia inteiro, mas apareciam para prestigiar as apresentações. Aos poucos, ano a ano, esses rostos foram se tornando familiares.
O professor Guilherme Garbosa, veio de São Paulo para ensinar em Santa Maria, e entrou para a comissão organizadora em 2002. Logo quando chegou, em 1994, conheceu o Festival. Garboza diz que a diferença mais perceptível foi o crescimento: hoje, o número de oficinas aumentou, há uma orquestra de sopros e uma orquestra sinfônica completa. Inclusive, a conquista de espaços foi um avanço, principalmente, por o que hoje é utilizado como salas de aula. Anteriormente, o Seminário não abria todas as suas portas, com a chegada de tantos músicos e alunos desconhecidos, mas aos poucos, Vale Vêneto foi se modificando e se adaptando. Guilherme salienta que o Festival passou por muitas dificuldades, especialmente financeiras, mas ainda assim chegou a sua 27ª edição. São poucos os Festivais brasileiros que possuem essa longevidade.
O grande objetivo do Festival de Inverno é proporcionar o aperfeiçoamento musical de jovens músicos. Para isso, traz oficinas aos alunos, que abrangem várias áreas, de improvisação, composição, instrumento, canto. E os concertos são o complemento de tudo, é onde se apresenta a música ao público.
Os professores ainda relatam que sempre houve a tentativa de modernizar o Festival, criar novas parcerias para continuar aprimorando-o. Por isso, a organização geralmente começa ao final de cada evento, ou seja, ocorre um planejamento de quase um ano.
O XXVII Festival Internacional de Inverno da Universidade Federal de Santa Maria ocorre de 29 de julho a 5 de agosto, em Vale Vêneto. Neste período, o FIIUFSM apresentará vários recitais em Vale Vêneto, Silveira Martins e Santa Maria. O lançamento oficial perante a imprensa, a região, e a Universidade será na próxima quarta-feira (13), no município de São João do Polêsine, às 20h, no Salão Paroquial de Vale Vêneto. A Multiweb transmite ao vivo a cerimônia, para visualizar a transmissão CLIQUE AQUI.
Repórter:
Myrella Allgayer – Acadêmica de Jornalismo.
Edição:
Lucas Durr Missau.