Desde a publicação da normativa que complementa a Resolução 01 ∕ 2011, sobre as cerimônias de formatura da UFSM, a discussão a respeito das mudanças no andamento do evento tem suscitado dúvidas em segmentos da comunidade acadêmica, principalmente, entre os alunos. Entre as principais dúvidas, está a impossibilidade de exibição de audiovisuais no ato solene, os quais são geralmente utilizados nas homenagens aos pais e aos colegas.
A Pró-reitoria de Graduação da UFSM tem atuado junto a Coordenadoria de Comunicação Social com o intuito de esclarecer os questionamentos levantados. Além de participar de programas nos veículos institucionais da UFSM, como a Rádio Universidade e a TV Campus, um guia de formaturas será elaborado para que o assunto seja detalhado.
As formaturas de outrora
Segundo a professora do Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM, Eugênia Maria Mariano da Rocha Barrichello, desde a criação da Universidade, as formaturas eram tidas como um ato de prestação de contas à sociedade, que mantém a universidade pública, e às comunidades, que enviavam alunos para estudar em Santa Maria. Ela conta que o reitor fundador, José Mariano da Rocha Filho, chamava seus discursos proferidos em formaturas de "discursos relatórios". Neles, ele prestava contas das ações institucionais, dos aportes do governo, das lutas e conquistas da Instituição no ano.
Eugênia diz que esses discursos eram, no início da história da UFSM, transmitidos ao vivo pelas rádios da cidade e publicados integralmente nos jornais locais. Segundo ela, a formatura era compreendida como o rito que possibilitava prestar contas das atividades da instituição e devolver às comunidades de origem o seu bem mais precioso, os seus alunos, o motivo da existência da Universidade. Se os familiares e amigos estavam orgulhosos, a Universidade também estava plena, feliz, orgulhosa de estar cumprindo a sua missão.
As alterações realizadas na estrutura das solenidades de formatura, para Eugênia, são expressões de duas características da sociedade atual. A primeira delas seria a espetacularização do evento. Eugênia diz: “A formatura não é mais a prestação de contas e a cerimônia ritual pela qual a instituição entrega seus alunos à sociedade, mas passa a ser um espetáculo despojado de conteúdo e cada vez mais constrangido pela forma”.
Ela afirma que outra expressão dessa sociedade diz respeito à inversão da esfera pública e do espaço privado. A cerimônia pública, o ritual de uma instituição pública e mantida pela sociedade, passou a ser cada vez mais individual e privada, quase uma festa de amigos e familiares, com uma individualização cada vez maior das preferências musicais e estéticas dos participantes. Para Eugênia, esquece-se, então, do essencial, do ritual, e da pergunta “o que significa estarmos aqui reunidos nesta formatura?”.
A normativa e suas mudanças
A Instrução Normativa N° 01 ∕ 2012 de 02 de abril de 2012, que trata das solenidades de formatura da UFSM, tem gerado muitas discussões. O pró-reitor de Graduação, Orlando Fonseca, atenta para o fato de que a normativa não traz novidades, apenas detalha a Resolução 01 ∕ 2011, que normatiza as cerimônias de formatura da UFSM.
“Essa questão das formaturas já vem sendo debatida há algum tempo. A própria Resolução 01 ∕ 2011, que normatiza as cerimônias de formatura da UFSM foi avaliada e discutida em 2009 e 2010 e votada no conselho universitário. Só que continuam acontecendo coisas que contrariam a resolução. A normativa vem apenas para detalhar o que já havia sido acordado” – afirma o professor.
Segundo Orlando, o que a universidade quer reforçar, tanto com a resolução, quanto com a normativa é o resgate do caráter solene deste ato. Entretanto, como muitos alunos estão pensando, isso não quer dizer que homenagens e outras atividades estejam proibidas. “Nós não estamos excluindo a possibilidade de que nesse momento e posterior ao ato solene se tenha a festividade. Não está se proibindo isso. O que está se colocando é que o ato solene compreende aquilo que está na resolução e aquilo que a universidade, na relação que tem com as outras universidades do país, estabelece como protocolo e cerimonial acadêmico que é para ser igual para todos”.
A solenidade compreende desde a entrada geral, que significa que a cerimônia está começando, até o encerramento do presidente da mesa. Antes de começar isso e posterior a isso poderá existir qualquer outro tipo de atividade, como as homenagens e exibições de audiovisuais.
Essa normativa foi discutida com as direções de centro que, segundo o regimento da universidade, são as promotoras das formaturas. Logo após, houve uma reunião com as empresas de formatura da cidade, na qual foi mostrado o que havia sido tratado com as direções de centro. “Conversando com as empresas, nós chegamos a esse acordo, no qual após ou anteriormente à solenidade serão feitas todas as homenagens. E tudo que foi contratado poderá ser apresentado não havendo alteração do que já havia sido firmado”.
Qualquer dúvida quanto à normativa pode ser esclarecida na PROGRAD ou nas próprias direções de centro. A PROGRAD, em parceria com a Coordenadoria de Comunicação, lançará um guia de formatura, esclarecendo as dúvidas referentes ao assunto.
Repórteres:
Fernanda Arispe e Julia do Carmo – Acadêmicas de Jornalismo.
Edição:
Lucas Durr Missau.