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Trajetórias distintas, objetivos comuns



A cada ano milhares de estudantes entram na Universidade Federal de Santa Maria. Depois de um processo seletivo muito concorrido, chega a hora de realizar sonhos e de enfrentar novos desafios. Em 2012, até o presente momento, nos quatro campi da UFSM, foram ofertadas 4576 vagas para ingresso no ensino superior de graduação presencial. Findadas as férias de verão, o campus de Santa Maria se enche desses novos alunos. Todos com suas expectativas, anseios e impressões.

Há muito tempo que essa trajetória se repete. Todos os anos, há mais de cinco décadas, novos estudantes entram na Universidade, trazendo consigo suas histórias e seus ideais de crescimento pessoal e intelectual.

Dilson Xavier e Dionas Pompeu cruzaram pela primeira vez o arco da UFSM como alunos com um intervalo de mais de 25 anos.  Apesar da diferença de tempo, suas trajetórias e suas expectativas em relação ao que a Universidade pode ofertar são bastante semelhantes.

Objetivos alcançados, sonhos multiplicados

Dionas Pompeu é calouro do curso de Ciências Sociais. Aos 19 anos, o jovem realiza o sonho de ingressar no ensino superior. Em 2011, trabalhando durante o dia como secretário no salão de beleza de seu padrinho, ele se preparou para o vestibular da UFSM, frequentando as aulas do Pré Vestibular Popular Alternativa no período da noite.

Sem tradição acadêmica na família, Dionas conta que a inspiração para cursar a faculdade de Ciências Sociais veio da convivência com os amigos. “Aos 13 ou 14 anos comecei a participar de movimentos sociais. Lutas contra o aumento da tarifa do transporte público e pela qualidade da educação começaram a fazer parte da minha vida. Eu via aqueles estudantes envolvidos com essas questões, lutando pela melhora de uma coisa tão importante e pensava: eu quero conviver com essas pessoas, eu quero ser uma delas”.

Ao longo de sua vida escolar Dionas tinha em mente cursar Medicina Veterinária, mas ao ingressar no PVP Alternativa mudou de ideia. “Primeiro pensei em fazer História. Mas ao pesquisar melhor percebi que o curso com o qual me encaixava melhor era Ciências Sociais mesmo”. Hoje ele realiza o sonho compartilhado com a mãe Gecelma da Silva Ávila e com o padrinho Paulo Garmatz, que com a morte de seu pai, há 14 anos, assumiu a missão de educá-lo e instruí-lo.

 

 

Sem muitos recursos financeiros para cumprir essa missão, Paulo oferece o trabalho de secretário em seu salão de beleza a Dionas. Durante todas as tardes Dionas auxilia o padrinho no atendimento aos clientes do estabelecimento. Agora, com o início das aulas, a rotina deve se alterar um pouco, a fim de que os estudos de Dionas continuem sendo prioridade. “O bom desse trabalho é que lá eu posso estudar. Quando não há muito que fazer eu posso ler o que eu quiser”.

Dionas ressalta a importância da criação dos cursos noturnos na UFSM, como um incentivo àqueles que não podem abrir mão de trabalhar para se dedicar exclusivamente aos estudos. Para Dionas, são justamente essas pessoas que mais precisam ter acesso a uma educação de qualidade. “Principalmente o pessoal da periferia precisa muito dessa oportunidade. Isso é algo muito grande para eles”.

Dionas conta que, para ele, estar na Universidade significa alcançar não só algo novo, mas algo que por algumas vezes pareceu bastante difícil de ser conseguido. “Mesmo sendo natural de Santa Maria e tendo sido criado aqui eu nunca frequentei o campus. Às vezes visitava a UFSM aos domingos para tomar um mate com os amigos, mas era só isso”. Para Dionas a ideia de uma universidade voltada para e envolta pela comunidade ainda está distante da realidade. “Ainda vejo uma distância muito grande entre a comunidade e a universidade, mas acredito que nos últimos anos houve uma boa evolução nesse sentido”.

Essa também é a opinião de Dilson Xavier. O sargento da Brigada Militar e professor de educação física em um curso de formação de vigilantes de Santa Maria ingressou na UFSM no ano de 1983. Dilson conta que há quase trinta anos, a Universidade parecia pouco mais alheia à realidade da população santa-mariense. Oitavo dos nove filhos da dona de casa Sofia dos Santos Xavier e do funcionário público Marino de Araújo Xavier, Dilson foi o segundo dos irmãos a entrar na UFSM.

Educação que liberta. Sonhos que se realizam.

Ele ingressou na Universidade nos tempos em que o acesso ao ensino superior era mais restrito. Assim como Dionas, Dilson não tinha em sua família um histórico de formação superior, o que de forma nenhuma o desestimulou. Durante o ensino médio, cursado na Escola Manoel Ribas, Dilson trabalhou como servente de obra e gesseiro, junto de Ivan, um de seus irmãos mais velhos.

No início do ano de 1983, Dilson soube que havia sido aprovado no vestibular da UFSM. “Eu estava hospedado na casa de familiares em Porto Alegre, onde procurava por emprego, quando li em um jornal meu nome na lista dos aprovados no vestibular da Universidade Federal de Santa Maria”. Daquele momento ele recorda a imensa alegria, como uma recompensa pelo tempo dedicado à preparação para o concurso.

Dos tempos de faculdade, Dilson guarda com carinho a recordação dos muito amigos que fez. Das viagens, das festas, das aulas. Para se manter estudando, porém, ele também precisou trabalhar. Foi bolsista do Centro de Educação Física e Desportos e monitor de disciplinas ao longo do curso.

Esses momentos, segundo Dilson, foram determinantes em sua formação pessoal. “Em função de tudo o que eu tive que enfrentar para realizar esse sonho, acho que o valorizo um pouco mais do que a maioria das pessoas. A educação torna as pessoas mais independentes e críticas. Pessoas assim tornam nossa sociedade melhor. Crer nisso também me faz querer inspirar meus filhos a realizarem os seus sonhos e a valorizá-los”. No ano passado, Dilson formou seu filho Matheus também em Educação Física na UFSM. Nesse ano foi a vez de a filha Jamille colar o grau de licenciada em Letras Português/Inglês.

O carinho que sente pelos amigos da época e a gratidão pela oportunidade de formar-se nunca permitiram que Dilson se afastasse completamente da Universidade. “Volta e meia eu revejo amigos. Procuro realizar projetos que envolvam minha formação acadêmica com minha profissão de policial militar”.

Desde que cruzaram o arco da UFSM pela primeira vez, Dilson e Dionas se tornaram personagens dos mais de 50 anos de história da UFSM. As lembranças que existem e aquelas que serão construídas nos próximos anos comporão a memória da instituição e também a de todos aqueles que a mantém.

Repórter: 

Fernanda Arispe – Acadêmica de Jornalismo.

Edição:

Lucas Durr Missau.

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