Segundo o dicionário Aurélio, na filosofia marxista, o vocábulo práxis significa o conjunto de atividades que visa a transformar o mundo, os meios e as realizações de produção, sobre o qual repousam as estruturas sociais. Esse pensamento guiou alguns jovens acadêmicos do curso de História da Universidade Federal de Santa Maria e levou à criação, em 2000, do “Práxis – Coletivo de Educação Popular”, sob a coordenação institucional do professor do Departamento de História da UFSM, Diorge Alceno Conrad.
O Práxis é um projeto de extensão da UFSM que se caracteriza por ser democrático, aberto à comunidade e também uma opção para os estudantes santa-marienses que não possuem condições financeiras de pagar um cursinho preparatório para o vestibular. Seu objetivo, no entanto, vai muito além da preparação para a prova de seleção das universidades. O Práxis alia a teoria à prática com o intuito de promover o debate sobre o papel da educação popular para a transformação social e as possibilidades de construção de uma nova sociedade.
A educação popular possui inúmeras possibilidades para a troca de experiências e ideias entre o mundo da academia e o mundo do trabalho. De acordo com Marcelo Noriega, formado em História pela UFSM e um dos coordenadores do Práxis, ela deve assumir seu viés social de questionamento à ordem vigente. “Acreditamos na educação popular como instrumento de questionamento e mudança e não apenas como a possibilidade de inserção das pessoas em um sistema desigual e injusto, por isso a obrigatoriedade de dialogarmos com movimentos sociais que visem à construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, explica Marcelo.
Inicialmente, o Práxis dividia o espaço do 4º andar do prédio de Apoio da UFSM, no Centro de Santa Maria, com o Curso de Licenciatura em História. Desde 2006, porém, com a transferência das instalações do curso para o Centro de Ciências Sociais e Humanas, que fica no prédio 74 do campus, passou a ocupar a maior parte da estrutura física antes dividida.
Ao mesmo tempo em que funciona como um espaço de experimentação pedagógica, possibilitando aos acadêmicos adquirir experiência com a licenciatura, o Práxis também permite aos seus educadores e educandos a possibilidade de refletir acerca do sistema educacional vigente e propor melhorias. Para o próximo ano haverá mudanças na estrutura organizativa do projeto, com a inserção de aspectos de gestão democrática. “Faremos assembleias gerais entre educandos e educadores, que decidirão o que vai acontecer no projeto, além das aulas de preparação para o vestibular. Também pretendemos trabalhar com o orçamento participativo para definir as prioridades financeiras do Práxis”, esclarece o coordenador.
Os educadores do projeto são voluntários, ou seja, não recebem remuneração para ministrar as aulas. A UFSM, no entanto, é responsável por conceder algumas bolsas de trabalho aos acadêmicos voluntários, além de financiar as apostilas dos alunos, os materiais de escritório e as despesas dos locais de aula.
Como se caracteriza por ser um coletivo plural e aberto a todos, os acadêmicos interessados em participar do projeto, independente da instituição em que estudam ou do semestre em que estejam, são acolhidos. “Aqui, seguimos os preceitos da pedagogia libertária, por isso acreditamos que todos podem contribuir de uma forma ou outra”, afirma Noriega.
Além das aulas, também são oferecidas oficinas, painéis, debates e ações pedagógicas que unem aluno e professor. Além disso, procura-se manter o diálogo com os diferentes movimentos sociais, como o da juventude, de trabalhadores rurais e negros. Dessa forma, o Práxis também reforça a solidariedade e a cultura e estimula a discussão sobre a necessidade de democratização do ensino superior público, como uma forma de superar a exclusão social atual.
Para Noriega, é imensurável a satisfação de participar do processo de construção de uma sociedade melhor. “Acredito que esta experiência seja algo indescritível em palavras. Mas o fato de poder contribuir para que as pessoas busquem a sua cidadania compensa toda e qualquer dificuldade que enfrentamos. Ver as pessoas tomando consciência da realidade vale muito a pena e também quando encontramos nossos educandos na UFSM ou nas demais universidades é algo que nos enche de orgulho” – finaliza.
Desafios e perspectivas da educação
Na próxima quinta-feira (10), o “Alternativa – Pré-Vestibular Popular” e o “Práxis – Coletivo de Educação Popular” realizam mesa de debate com o tema Desafios e perspectivas da educação. O evento acontece no auditório do 4º andar do prédio de apoio da UFSM, das 19h às 22h.
Mais informações podem ser obtidas pelo:
Blog: http://praxispopular.blogspot.com
E-mail: praxispopular@gmail.com / pvppraxis@gmail.com
Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=100003127831533
Telefone: (55) 3220-9222 (a partir das 19h).
Repórteres:
Anelise Dias e Camila Cargnelutti – Acadêmicas de Jornalismo.
Edição:
Gisele Dotto Reginato – Professora da disciplina de Teoria e Técnica de Jornalismo Digital II.
Matéria produzida na disciplina de Teoria e Técnica de Jornalismo Digital II do curso de Jornalismo.