Para que cumpra seu papel, além de produzir o conhecimento, a universidade deve fazer com que ele ultrapasse suas fronteiras. Com o objetivo de aproximar o saber científico da sociedade realizam-se, desde 1996, Cursos de Férias na UFSM. A atividade, coordenada pelos professores João Batista Teixeira da Rocha e Nilda Barbosa, e realizada através do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica Toxicológica (PPGBTOX) e Educação em Ciências do CCNE é oferecida durante o período de férias escolar, julho e janeiro, e tem duração de uma semana (40hs). Neles, professores e alunos desenvolvem experiências práticas com temas científicos de relevância para o ensino fundamental e médio, como os processos de respiração, fotossíntese e digestão.
Até 2011, foram realizados os cursos “Respiração e Fotossíntese”, “Nutrição e Digestão”, “Contração Muscular”, “Porque o abacaxi desanda a gelatina? Ácidos e bases em nossas vidas”, “Colesterol: Mocinho ou Bandido” e “Digestão dos alimentos; a relação do que comemos e do que bebemos com o nosso cérebro”.
Os participantes são estimulados a utilizar o raciocínio e a criatividade para resolver os problemas propostos e as atitudes e estratégias adotadas para isso são similares às usadas na resolução de problemas originais em ciência, como a observação, a experimentação e a criação de hipóteses. Os alunos têm contato com materiais de laboratório, como tubos de ensaio, pipetas e reagentes químicos, sendo estimulados a criar experimentos para a solução das questões levantadas. Oficinas com elaboração de materiais para o ensino de ciências também são realizadas no transcorrer dos cursos, visando ao auxílio dos professores.
Segundo o professor João Batista Teixeira da Rocha, a atividade tem como principais objetivos “despertar o interesse dos estudantes pela ciência, além de selecionar jovens para fazer pesquisa no laboratório de bioquímica, com bolsas do projeto novos talentos financiado pela CAPES e FINEP”.
A atividade é realizada com a supervisão de monitores, professores da universidade, mestrandos, doutorandos e bolsistas de iniciação científica. O professor João Batista ressalta: “os cursos colocam os estudantes de pós-graduação em contato com a realidade da educação básica brasileira e os prepara para seu futuro como professores”. Os monitores tentam interferir o mínimo possível, para fazer com que os alunos busquem as respostas através dos experimentos e da reflexão, fugindo das respostas prontas, comuns no atual sistema educacional , que impedem que os mesmos pensem acerca dos conteúdos.
A ideia de cursos experimentais para estudantes oriundos de escolas da rede pública de ensino não está presente somente na UFSM. A iniciativa já é aplicada em seis universidades do país, com o financiamento da Fundação VITAE, uma associação civil sem fins lucrativos que financia projetos nas áreas de educação, cultura e inclusão social. A base da proposta busca aproximar “quem faz ciência de quem ensina e aprende ciências”.
Foram realizados pelo grupo da UFSM, desde 1996, 50 cursos, com a participação de 800 estudantes e 250 professores de 25 escolas da cidade e região. Além de Santa Maria, Rosário do Sul, Mata e Uruguaiana receberam edições da atividade. O conhecimento adquirido por meio do projeto vai além da aprendizagem proporcionada aos estudantes e professores envolvidos e retorna para a universidade, através de trabalhos acadêmicos. Cinco artigos, cinco dissertações de mestrado e uma tese de doutorado foram produzidos a partir das experiências da atividade. O último curso foi realizado em julho deste ano, na escola Augusto Ruschi, em Santa Maria, e o próximo será realizado em janeiro de 2012 em local ainda não definido.
Repórter:
Julia do Carmo – Acadêmica de jornalismo.
Edição:
Lucas Durr Missau.